O presidente do Comitê do Fogo de Mato Grosso do Sul, Tenente-Coronel Leonardo Rodrigues Congro, voltou recentemente ao Brasil após integrar uma comitiva que participou de intercâmbio nos Estados Unidos sobre estratégias de prevenção e combate a incêndios.
A experiência, segundo ele, trouxe importantes lições para aprimorar as ações no estado. A avaliação foi feita nesta quarta-feira (28), durante entrevista ao programa Microfone Aberto, da Massa FM Campo Grande.
O oficial conversou ao vivo, diretamente do Pantanal, onde cumpre missão de campo.
Manejo do fogo: uma estratégia consolidada nos EUA
Segundo o Tenente-Coronel, o manejo integrado nos Estados Unidos envolve o controle da biomassa e da vegetação, utilizando o fogo no tempo certo, como forma de prevenção a incêndios de grandes proporções.
“As ações são planejadas em nível territorial, com integração entre várias agências. Nós já seguimos uma linha parecida desde os incêndios florestais dos anos 2000, mas ainda falta transformar isso numa cultura em todo o estado”, afirmou.
Estrutura norte-americana e o desafio de ajustar a realidade local
Apesar de reconhecer a superioridade da estrutura e orçamento norte-americanos, Congro avaliou que Mato Grosso do Sul não está distante em relação às estratégias adotadas.
“A diferença está na estrutura. Eles têm uma capacidade maior de mobilização, mas a nossa atuação segue a mesma linha. Precisamos aprimorar mais as legislações de prevenção para que as propriedades rurais avancem nesse aspecto”, observou.
O oficial também destacou o esforço do estado para fortalecer o trabalho integrado entre agências, o que, segundo ele, é essencial para ampliar a eficácia das ações de prevenção.
Experiência internacional reforça importância da integração
O intercâmbio incluiu não apenas representantes de Mato Grosso do Sul, mas também bombeiros militares de São Paulo e Paraná. Congro citou como referência a visita ao Parque Nacional de Everglades, uma área alagada com características semelhantes às do Pantanal.
“O que vimos lá foi uma estrutura muito bem definida, com setores organizados e protocolos claros. Esse é o caminho que precisamos seguir aqui”, afirmou.
Ele destacou o programa de serviços ambientais da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) como exemplo positivo, permitindo que proprietários realizem queimas controladas com apoio financeiro, desde que os projetos sejam aprovados.
Para Congro, a diferença maior segue sendo a estrutura, especialmente no que diz respeito ao investimento em defesa e prevenção, que nos EUA ganhou força após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Situação atual no Pantanal: alívio temporário, mas cenário ainda é preocupante
Sobre a atual situação no Pantanal, Congro relatou que o momento é de alívio parcial, com presença de neblina e garoa fina, o que reduz o risco imediato de incêndios.
“O frio que chegou ao estado veio com umidade, o que é bom. Quando há só frio, a vegetação seca e o risco de incêndio aumenta, mas não é o caso agora”, explicou.
Mesmo assim, o estado mantém em vigor o decreto de emergência ambiental. As queimas prescritas seguem permitidas, desde que previamente autorizadas.
Temporada crítica à frente
Congro alertou que, apesar do clima favorável neste momento, o ano será crítico.
“A temporada de incêndios florestais está só começando. A tendência é que, a partir de junho, tenhamos um período bastante extenso”, disse.
Segundo ele, o estado se prepara desde janeiro para enfrentar a temporada, com a instalação de bases avançadas no Pantanal, que atuarão na prevenção e orientação junto às comunidades.
“O objetivo é evitar os grandes incêndios e proteger o nosso bioma”, finalizou.
Confira a entrevista na íntegra: