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Libras: Acessibilidade vai muito além da inclusão social

Reconhecimento da língua para surdos completa 20 anos, mas ainda falta representatividade, destaca professor

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Celebrado no dia 24 de abril, a lei sobre o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação e expressão completou 20 anos em 2022. Durante entrevista à Rádio CBN Campo Grande nesta quinta-feira (28), o tradutor e intérprete de libras e pós graduado na área, Cláudio Vasques, diz que o poder público e as empresas privadas ainda precisam fazer mais pelas pessoas com deficiência auditiva.

“Você gostaria de ir à padaria e ser atendido em alemão ou francês? Não né?! A gente sempre quer ser atendido na nossa língua e a pessoa com deficiência tem os seus direitos. Não gosto da palavra ‘inclusão’, não gosto de adaptação. Pra você ter inclusão, significa que você excluiu alguém. Se eu não tivesse excluído, não precisaria incluir. Eu tenho que pensar em acessibilidade, característica que nos deixa mais humanos, porque dou acessibilidade para todos”, ressalta.

Em 2002, a lei de reconhecimento da Libras como uma língua oficial foi sancionada, porém, os locais de atendimento ao público ainda não conseguiram se adaptar. A medida beneficia cerca de 10,7 milhões de pessoas surdas, dessas, cerca de 2,3 milhões com deficiência severa.  Segundo o educador, a Central de Libras, presente em algumas cidades do estado, auxilia pessoas surdas no dia a dia.

“A ideia vem para atender o decreto 5626, onde todos os espaços com atendimento ao público e os de modo geral, devem ter acessibilidade para pessoas com deficiência auditiva. Pelos surdos não se comunicarem pela língua portuguesa, antigamente, muitos eram tratados como dementes. Hoje as empresas também não estão preparadas para lidar com essas pessoas. Tem bancos onde a central de atendimento aos deficientes auditivos e surdos é um lugar onde você tem que ligar e falar”, pontua.   

Em 2020, o Governo Federal apostou na acessibilidade nos canais de denúncia Disque 100, Ligue 180 e no aplicativo “Direitos Humanos Brasil”, que dispõe de um chat em Libras. Há também uma cartilha que trata dos direitos da pessoa surda, com orientações e legislação sobre o acesso à informação, comunicação, educação, saúde e cultura, esporte, turismo e lazer.