Uma cena chocou os funcionários da UPA Coronel Antonino em Campo Grande. Na noite da última quinta-feira (26) a pequena Sophia, de apenas 2 anos de idade, foi levada para atendimento médico, aparentemente desacordada, pela mãe, Stephanie de Jesus da Silva, de 24 anos.
Os profissionais da unidade de saúde logo identificaram que a criança estava sem vida e apresentava diversos hematomas pelo corpo, mais precisamente nas costas, no braço, joelho e no olho, além de inchaço no ombro e na barriga. De acordo com o registro do atendimento, Sophia morreu pelo menos quatro horas antes de ser levada para a UPA. O prontuário médico reúne quase 30 entradas da criança no Pronto Atendimento em outros datas, uma delas por ter fraturado uma perna.
Pessoas próximas ao casal informaram que o padrasto da criança, Christian Campoçano Leitheim antes de ser preso, ligou avisando sobre a morte da enteada por motivo de convulsão.
A reportagem da CBN Campo Grande conversou com a avó materna de Sophia, a professora Delziene de Jesus. Ela contou que há vários meses não conseguia ver a neta e que o padrasto cortou laços com a família, impedindo a companheira de manter contato com pessoas próximas.
“Ele afastou ela de todo mundo, das amigas, até de nós. Então, a gente já não tinha esse contato direto […] parece que a gente tava tendo uma premonição desse tipo de coisa”, desabafou a avó.
O casal foi preso em flagrante ainda na noite de quinta-feira por policiais do Grupo de Operações e Investigações (GOI), da Polícia Civil. Stephanie não apresentou qualquer emoção durante o tempo em que esteve na UPA com a filha, ao contrário, se mostrava tranquila e só ficou nervosa com a chegada da polícia. Christian está preso na Depac Centro (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) em Campo Grande, enquanto a mãe está detida na 2ª DP da capital.
Conforme a delegada responsável pelo caso, Anne Karine Trevisan, a mãe assumiu que a filha era agredida pelo padrasto e por ela como forma de correção. Trevisan revelou ainda que o pai da menina, que não foi identificado, mas é enfermeiro, notava vários hematomas na filha quando a visitava, chegando a fazer boletins de ocorrência, sendo um em 2021 e outro no ano passado.
“Importante frisar que a mãe no interrogatório dela disse que ela tinha conhecimento que a vítima era espancada por ele e que ela não denunciava porque ele a ameaçava que ia tirar a guarda da outra criança”, contou a delegada. Christian e Stephanie tem uma filha, de seis meses. Outra criança, um menino de 6 anos, fruto de outro relacionamento de Christian, também vivia com o casal. As crianças estão sob os cuidados da avó paterna.
Ainda em entrevista à nossa reportagem, a avó materna disse que após a morte da neta passou a desconfiar da participação da filha nos espancamentos. “Eu tenho dúvidas com relação à atitude da minha filha. Mas eu gosto do certo e do correto. Se ela tiver alguma coisa, que ela pague, que a justiça seja feita porque foi a minha neta que eu perdi”, afirmou em tom choroso.
O casal já foi investigado por maus tratos, e segundo a delegada o processo segue na Justiça. “O que eu sei é que já há registros de boletins de ocorrência contra eles como autores de crimes de maus tratos, que foi concluído, foi verificado que haviam os maus tratos e que foi encaminhado para o judiciário. Daí o tramite que tá no judiciário eu não sei”, alegou Trevisan.
Os suspeitos vão responder por crime de homicídio qualificado por motivo fútil e possível estupro de vulnerável. O inquérito deve ser concluído em 30 dias.
Até o fechamento desta edição não conseguimos contato com a defesa dos suspeitos.