O Brasil dará um passo histórico no setor agropecuário nos próximos dias. Durante a 91ª Assembleia Geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), que acontece de 25 a 29 de maio em Paris, na França, o país será oficialmente reconhecido como livre de febre aftosa sem vacinação. A certificação também será concedida à Bolívia, que alcançou o mesmo feito sanitário.
A conquista é fruto de um trabalho que atravessa cinco décadas. No Mato Grosso do Sul, um dos estados que enfrentaram os maiores desafios devido às longas fronteiras secas com Paraguai e Bolívia, o resultado é considerado uma vitória coletiva.
Segundo Daniel Ingold, diretor-presidente da Agência Estadual de Vigilância Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), o reconhecimento consolida o avanço tecnológico e a excelência dos sistemas de defesa sanitária brasileiros.
“É um trabalho de 50 anos que chega agora a um ápice. Nós transformamos nossa vigilância sanitária usando inteligência geográfica e territorial, com controle rígido de trânsito animal, monitoramento via câmeras e aplicativos que rastreiam desde a origem até o destino dos animais” – diretor-presidente da Iagro, Daniel Ingold.
A certificação abre mercados até então inacessíveis para alguns setores. “A suinocultura, por exemplo, que ainda não vendia para o Japão, agora poderá acessar esse mercado. Existe uma tendência clara de crescimento desse setor aqui no estado”, destacou.
Caso de gripe aviária acende alerta, mas controle é eficaz
Durante a entrevista ao programa Agro é Massa, desta quinta-feira (22), o diretor também comentou sobre o recente caso de gripe aviária registrado no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. Segundo ele, o país estava preparado para enfrentar esse tipo de situação, já que a doença circula no mundo desde 2006, e o Brasil mantém vigilância constante.
“O sistema de defesa sanitária respondeu rapidamente. Aqui no Mato Grosso do Sul, tivemos um caso em aves domésticas em 2023, na região de Bonito. Em dois dias o foco foi eliminado, com medidas como sacrifício dos animais, bloqueio do trânsito na área e vigilância intensiva em um raio de até sete quilômetros” – diretor-presidente da Iagro, Daniel Ingold.
Ele reforça que, embora o maior risco esteja nas criações de subsistência, que têm menos controle de biosseguridade, o setor comercial brasileiro continua livre da doença. “Nunca tivemos caso em aves comerciais, o que demonstra a eficiência dos nossos protocolos. O maior aliado nesse processo é o produtor rural, que precisa estar atento e acionar a IAGRO sempre que houver qualquer suspeita”, orientou.
Além de participar da solenidade que oficializará o novo status sanitário, a comitiva brasileira, que inclui representantes da IAGRO, do governo estadual e do Ministério da Agricultura, irá debater temas como a gripe aviária, trânsito internacional de animais e a revisão de protocolos de vacinação.
Confira o bate-papo completo no Agro é Massa desta quinta-feira (22):