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CÂNCER DE PRÓSTATA

MP apura falhas no fornecimento de exames de câncer em Campo Grande

Falta de reagentes impediu realização de exames essenciais como PSA e TSH em Campo Grande
Falta de reagentes impediu realização de exames essenciais como PSA e TSH em Campo Grande. Foto: Top Mídia / Marcos Maluf

Uma falha recorrente na realização de exames laboratoriais em Campo Grande levou o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) a instaurar um Inquérito Civil. Este inquérito visa investigar irregularidades no sistema municipal de saúde. O foco da apuração é a ausência do exame PSA, essencial para o rastreamento do câncer de próstata. Este tipo de câncer é a segunda principal causa de morte por câncer entre homens no Brasil.

A investigação foi iniciada pela 32ª Promotoria de Justiça da Saúde Pública após denúncia de um paciente que tentou, sem sucesso, realizar exames solicitados na USF Sírio Libanês. De acordo com a queixa encaminhada à Ouvidoria do MP, o Laboratório Central informou que a ausência dos exames se devia à falta de reagentes. A reposição destes reagentes estava prevista apenas para o mês seguinte.

Conforme dados de 2023, Mato Grosso do Sul registrou 231 mortes por câncer de próstata. No Brasil, o número de óbitos ultrapassa 17 mil por ano. O cenário reforça a gravidade da falha e os riscos para a saúde da população masculina, sobretudo em campanhas de prevenção.

Investigação do Ministério Público

Em resposta ao MP, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) atribuiu o problema ao atraso na importação dos reagentes pelo laboratório contratado. Este atraso foi agravado pelo recesso de fim de ano. A promotora Daniella Costa da Silva, responsável pelo caso, considera que o problema é estrutural, não um episódio isolado. “Há necessidade de apuração aprofundada sobre a regularidade no fornecimento dos exames laboratoriais”, pontuou.

Além do PSA, o MP apurou que exames como o de sangue oculto nas fezes — essencial para o rastreamento de cânceres intestinais — também enfrentam atrasos. Estes atrasos são causados pela lentidão nos processos licitatórios. Embora o exame do paciente que originou a denúncia tenha sido reagendado, a promotoria mantém a investigação. Isto se deve à possibilidade de omissão continuada da gestão municipal.

Fragilidade da atenção básica e risco à saúde

A situação reforça um alerta recorrente sobre a fragilidade da atenção básica em Campo Grande. Principalmente no que se refere à prevenção de doenças graves. Em um contexto onde a detecção precoce pode significar a diferença entre a vida e a morte, a falta de exames como o PSA representa mais do que falha administrativa — é um risco real à vida dos pacientes.