No Dia Nacional da Saúde Ocular, a Vigilância Sanitária de Mato Grosso do Sul faz um alerta à população sobre a atuação de grupos que realizam mutirões clandestinos de exames oftalmológicos em diversos municípios do interior.
Por trás do que parece ser uma ação gratuita e solidária, escondem-se esquemas que vendem óculos sem controle de qualidade, colocando em risco a saúde dos consumidores.
De acordo com o fiscal estadual da Vigilância Sanitária, Matheus Moreira Pirolo, essas ações costumam ser organizadas por supostas ONGs ou institutos que se apresentam como entidades sem fins lucrativos.
“Na verdade, são grupos de fora do Estado que se aproximam de lideranças locais, como pastores e vereadores, para captar a confiança da comunidade e atrair pessoas aos atendimentos”, explicou.
Equipamentos sem registro e exames mal executados
O problema vai além da ilegalidade comercial. Segundo Pirolo, os equipamentos utilizados nos exames muitas vezes não possuem calibração adequada nem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Além disso, os exames podem ser realizados por pessoas sem qualificação técnica. “Como um equipamento sem calibragem vai aferir corretamente o grau de quem precisa usar óculos? O resultado é um diagnóstico errado e, pior, o risco de mascarar doenças sérias como o início de uma catarata”, alertou.
Óculos caros, ruins e parcelados em até 30 vezes
Nos mutirões clandestinos, os pacientes costumam sair com uma receita e, logo em seguida, são convencidos a comprar armações e lentes diretamente no local. A prática fere a legislação sanitária, que proíbe a vinculação direta entre exame oftalmológico e venda de óculos.
“O que parece ser gratuito, na verdade é uma armadilha. A gente já flagrou famílias pagando até R$ 3 mil em cartão de crédito parcelado por produtos de baixíssima qualidade, que custariam muito menos numa ótica legalizada”, destacou o fiscal.
Canais de denúncia
A Secretaria Estadual de Saúde tem reforçado a fiscalização em parceria com os municípios e o Procon-MS. Os canais para denúncia são:
- Procon Estadual: 151
- Ouvidoria do SUS: 0800-647-0031
- Vigilância Sanitária Estadual: (67) 3322-7151
“Temos conseguido desmantelar vários desses grupos. A população precisa desconfiar de gratuidades. Como diz o ditado, não existe almoço grátis. O barato pode sair caro — nesse caso, pode até custar o olho da cara”, afirmou.
Risco se estende a óculos escuros vendidos na rua
Além dos mutirões, Pirolo alertou também para a venda de óculos escuros no comércio informal. “Sem filtro contra os raios ultravioleta, esses produtos podem causar danos irreversíveis à retina”, afirmou.
A recomendação é simples: aguarde, economize e procure sempre por estabelecimentos legalizados, com alvará sanitário e profissionais habilitados.
“O exame de vista tem que ter como único objetivo a saúde ocular, nunca pode ser uma ponte para forçar a venda de produtos”, reforçou o fiscal.
Confira a entrevista na íntegra: