“Primeiro que eu não tenho medo de cara feia, eu enfrento tudo. Segundo que o Senado Federal é a minha casa.” A fala da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, foi feita em Campo Grande nesta terça-feira (17), ao confirmar que irá ao Senado prestar esclarecimentos sobre a proposta do governo de reduzir subsídios concedidos pela União.
A declaração foi dada durante entrevista concedida após o evento de lançamento das obras de modernização dos aeroportos de Mato Grosso do Sul.
“Fui eu que pedi, para o meu querido amigo Renan [Calheiros]”, completou a ministra, referindo-se ao presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), responsável por aprovar o convite.
A audiência deverá tratar da Emenda Constitucional 109/2021, que prevê a redução gradual dos subsídios até o limite de 2% do PIB. Atualmente, esse índice está em cerca de 6%.
Apenas em 2023, segundo dados do Ministério do Planejamento, os subsídios somaram R$ 650 bilhões — dos quais 80% são isenções ligadas a programas como o Simples Nacional, setor agroindustrial, combustíveis e entidades sem fins lucrativos.
“Se a gente puder fazer, entre aspas, uma economia não linear, mas uma economia de 10%, estamos falando de R$ 80 bilhões que a gente coloca pra dentro do orçamento, e com isso resolve o problema fiscal no Brasil”, argumentou Simone.
Senado sob tensão
A ida de Simone ao parlamento ocorre em um momento marcado por tensões e hostilidade nas audiências com ministros de Estado. Em maio, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, deixou uma sessão no Senado após ouvir do senador Plínio Valério (PSDB-AM) que “a mulher (Marina Silva) merece respeito, a ministra não”.
Na mesma audiência, Marina teve o microfone cortado por Marcos Rogério (PL-RO), que mandou que ela “se pusesse no seu lugar”.
Já no último dia 11, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teve uma audiência encerrada após ser confrontado e discutir com os deputados Carlos Jordy (PL-RJ) e Nikolas Ferreira (PL-MG), durante sessão conjunta na Câmara.
Ciente desse cenário, Simone reforçou seu preparo técnico e político para enfrentar o debate no Congresso:
“Eu sou uma pessoa de centro, essa é a vantagem: eu converso com a direita, converso com a esquerda, e está tudo certo.”