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MEIO AMBIENTE

BR-262 terá 170 km de cercas e 17 passagens para reduzir atropelamentos

Obra executada pelo DNIT no trecho entre Aquidauana e Corumbá busca diminuir acidentes com fauna silvestre e aumentar a segurança de motoristas no Pantanal

Trecho entre Aquidauana e Corumbá recebe 170 km de cercas e 17 passagens de fauna - Foto: Divulgação/ICAS
Trecho entre Aquidauana e Corumbá recebe 170 km de cercas e 17 passagens de fauna - Foto: Divulgação/ICAS

A BR-262, rodovia historicamente associada aos altos índices de atropelamentos de fauna silvestre, passa por uma intervenção inédita. Estão em andamento as obras para a instalação de 170 quilômetros de cercas — 85 km em cada margem — e 17 passagens de fauna, sendo 10 inferiores e 7 superiores, no trecho entre Aquidauana e Corumbá, no Pantanal sul-mato-grossense.

O projeto, executado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) com recursos da União, tem orçamento de R$ 30,2 milhões e busca reduzir os acidentes e ampliar a segurança viária na região.

Conhecida há décadas como “Estrada da Morte”, a BR-262 corta áreas de alta densidade de fauna e concentra um dos maiores números de atropelamentos do país. Entre maio de 2023 e abril de 2024, um levantamento no trecho entre Campo Grande e a Ponte do Rio Paraguai registrou 2.300 animais mortos em 350 quilômetros. As espécies mais afetadas foram tatus, anfíbios, jacarés e cachorros-do-mato.

Estudos anteriores reforçam a gravidade da situação. Entre 2017 e 2020, o monitoramento contabilizou 12,4 mil atropelamentos de animais, sendo 40% de grande porte, como antas, tamanduás-bandeira e capivaras. Além das perdas ambientais, os acidentes representam risco significativo para motoristas.

O ecólogo Arnaud Desbiez, presidente do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS), explica que o aumento dos atropelamentos pode estar relacionado a fatores ambientais e econômicos.

“Esse aumento pode ser reflexo da seca do rio Paraguai naquele período, que obrigou os animais a se deslocarem em busca de recursos, aliado ao maior fluxo de caminhões. Essa rodovia é histórica: o ecólogo Wagner Fischer realizou um dos primeiros trabalhos de ecologia de estradas nesse trecho nos anos 1990, e desde então o número de mortes de animais não para de crescer”, destacou Desbiez.

Monitoramento e novas medidas de proteção

As obras fazem parte do Plano de Mitigação de Atropelamentos de Fauna e Incremento de Conectividade, elaborado pela consultoria Via Fauna a pedido do DNIT. O projeto prevê ações de cercamento e a criação de passagens seguras nos pontos mais críticos da rodovia.

Em setembro de 2024, foi criado o Observatório Rodovias Seguras para Todos, formado por instituições como ICAS, Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Onçafari, Instituto Libio, Instituto SOS Pantanal e INCAB. O grupo acompanha a execução das medidas de mitigação em rodovias federais e estaduais de Mato Grosso do Sul.

*Com informações do ICAS