O uso do Pix é mais intenso em municípios com população jovem, menor renda e alta proporção de beneficiários do Bolsa Família. É o que aponta a segunda edição do estudo “Geografia do Pix”, realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV), com base em dados de 2024 do Banco Central e do Censo Demográfico de 2022.
De acordo com o levantamento, municípios cuja população é majoritariamente formada por pessoas de até 29 anos registraram maior frequência mensal de uso do Pix: em média, 35 transações por usuário. Já nas localidades com população mais velha, o número cai para 18.
Apesar disso, o valor médio por transação é mais alto em regiões com maior idade, renda e alfabetização. Municípios com alto índice de alfabetização apresentaram valor médio de R$ 231,43 por Pix, contra R$ 143,15 nas áreas com menor escolaridade.
Segundo a FGV, “a taxa de adesão ao Pix — ou seja, a proporção de moradores que usaram o serviço ao menos uma vez por mês — chegou a 57,10% nas cidades com alfabetização muito alta”. Em locais com menor escolarização, esse percentual ficou abaixo de 50%.
Outro destaque do estudo é o comportamento da população de baixa renda. Nos municípios com maior proporção de beneficiários do Bolsa Família, a média foi de 33 transações mensais por pessoa, com valor médio de R$ 141,77. Já onde o número de beneficiários é menor, o valor médio sobe para R$ 247,31.
O coordenador do Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV (FGVCemif), Lauro Gonzalez, explica que “o Pix se tornou um sinônimo de conta bancária para a baixa renda. As contas digitais são usadas principalmente como um meio para fazer Pix”.
Segundo ele, transferências informais, como pagamentos por ‘bicos’ e ajuda a parentes, são gatilhos para o uso da ferramenta.
A pesquisa também avaliou o impacto da conectividade. Cidades com melhor infraestrutura digital — como cobertura 4G/5G e internet por fibra óptica — tiveram maior adesão e maior valor médio de transações, mas o número de transações por usuário foi semelhante entre todas as categorias.
O estudo completo está disponível no site da FGV.
*Com informações da FGV