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ENTREVISTA

Presidente da ACP aponta desafios e avanços da educação em Campo Grande

Gilvano Bronzoni destaca déficit de vagas na educação infantil, piso salarial e saúde dos professores como prioridades

Gilvano Bronzoni nos estúdios da Massa FM Campo Grande - Foto: Fernando de Carvalho/Portal RCN67
Gilvano Bronzoni nos estúdios da Massa FM Campo Grande - Foto: Fernando de Carvalho/Portal RCN67

A educação pública em Campo Grande enfrenta avanços e desafios que exigem atenção constante. Essa foi a avaliação do presidente da ACP (Sindicato Campo-grandense de Profissionais da Educação), Gilvano Bronzoni, em entrevista concedida ao programa Tarde da Massa, da Massa FM Campo Grande.

Segundo ele, a principal pauta atual é a falta de vagas na educação infantil, que chega a cerca de 5 mil crianças fora das salas de aula. “Hoje nós já reduzimos. Nós somos, por exemplo, de uma geração que as pessoas tinham que dormir na fila para conquistar uma vaga na escola. Atualmente, o déficit está na educação infantil, porque no fundamental e no médio, embora exista um ou outro caso, há vagas disponíveis”, afirmou .

Piso salarial e valorização

Outro ponto considerado prioritário é o cumprimento da lei do piso salarial por 20 horas, que segundo Bronzoni enfrenta resistência há gestões. “Temos dificuldade de efetivar a lei do piso por 20 horas. Estamos no mês de setembro e teremos reuniões com a prefeitura. Deve haver assembleia nos próximos dias para dialogar sobre a política de valorização” .

Ele ressaltou ainda que Campo Grande é a única capital do país a adotar eleição direta em 100% das escolas da rede pública, o que considera um avanço democrático.

Saúde dos profissionais

Além das questões salariais e estruturais, Bronzoni destacou que a saúde dos professores e administrativos é hoje um dos problemas mais graves. “A educação é a área que mais afasta servidores. Temos que entender por que o profissional está adoecendo. Isso não é ruim apenas para os cofres públicos, mas principalmente para a vida desses trabalhadores” .

A preocupação se soma à necessidade de formação contínua, diante das mudanças tecnológicas e da nova geração de alunos já nascidos em meio ao universo digital.

Relação com Executivo e Legislativo

Durante a entrevista, Bronzoni enfatizou a importância do diálogo com a Câmara Municipal e com a Prefeitura, embora reconheça divergências. “Diálogo não é concordar com tudo. Existem vários pontos de divergência tanto com o Legislativo quanto com o Executivo. Mas manter a conversa propositiva tem gerado avanços”.

Ele lembrou ainda que, para cada real investido em educação, há uma economia de três reais na segurança pública futuramente. “Além da economia, temos vidas mais dignas, mais cidadania e pessoas mais propositivas para a sociedade” .

Perspectivas e demandas

Entre as ações previstas até o fim do ano, Bronzoni citou o concurso público para professores como prioridade. Ele mencionou que ainda há cerca de 600 profissionais a serem chamados do último concurso estadual e que a Prefeitura de Campo Grande deve realizar nova chamada até o início de 2026.

Também estão na pauta a educação especial e a continuidade de debates sobre a saúde dos professores. “A educação parece uma piscina com borda infinita. Quando você pensa que vai chegar, ela se amplia. Sempre teremos novos desafios, porque a sociedade é dinâmica” .

Mensagem final

Ao encerrar a entrevista, o presidente da ACP deixou um recado para professores, estudantes e a sociedade. “Acreditem na educação pública. Ela não é aquela que forma o aluno melhor, mas a que oportuniza toda a sociedade. Que cada criança, em qualquer bairro ou na zona rural, tenha condições de exercer sua cidadania. Precisamos formar pessoas do bem, que pensem no coletivo e fortaleçam a educação pública para todos” .