Uma dupla de professores universitários decidiu criar um projeto itinerante, que leva informações sobre Física e Astronomia em escolas e aldeias indígenas de Mato Grosso do Sul. O trabalho desenvolvido há mais de 20 anos, tem por objetivo desmistificar a Ciência e desburocratizar o acesso da população à informação. A parceria entre os idealizadores, Thiago Oliveira Borges e Edmilson de Souza, deu tão certo, que o resultado disso foi a publicação do livro: “Planetário Astronômico Móvel e Suas Possibilidades”.
Para Thiago, a necessidade de fazer Ciência em Mato Grosso do Sul foi o motivo principal de iniciar a empreitada. "Começamos um trabalho de formiguinha em Dourados, com apresentação de teatro e música nas escolas sobre o tema. Em 2004, no estado, existiam pouquíssimos profissionais da área. Visitamos aldeias indígenas e pequenas associações, e até a Academia Brasileira de Ciências nos presenteou em 2004, com um telescópio”, relata.
O trabalho desenvolvido, segundo professor Edmilson, tem relação direta com a autonomia da pessoa humana. “Quando se trata do conhecimento específico, temos uma certa vantagem. A astronomia traz algo lúdico. É difícil ira a uma chácara à noite, olhar para o céu e não se encantar. Durante muito tempo da história, a ciência orientou a decisão de reis em civilizações antigas, com isso, trouxe contribuições interessantes. Foram feitos registros durante dezenas de séculos, o que beneficiou a astronomia mais tarde. O projeto procura resgatar esse olhar e racionalidade que está imbricada nesse conhecimento”, enfatiza.
Educação nas escolas
Dados obtidos via Lei de Acesso à Informação revelam queda de 17,5% no número de bolsistas contemplados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e de 16,2% pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Enquanto as bolsas do Capes buscam expandir os cursos de pós-graduação a professoras e professores brasileiros, as bolsas do CNPq são destinadas a pesquisas científicas em diferentes áreas de formação.
Segundo professor Thiago, uma das coisas que mais preocupam atualmente, é a formação dos professores e alunos. “Imagina se tivéssemos um planetário físico aqui na cidade. Nos Estados Unidos eles vendem kits de ciências. O Plano Curricular Nacional deve ser fomentado. Infelizmente no Brasil, a questão da burocracia demora muito a chegar até às escolas, às vezes o que é necessário. Então qual é a nossa proposta? É fazer ciência com o que tem! Um binóculo não é tão caro, ele é bem mais barato que um celular. Uma luneta é barata e mais acessível. Precisamos começar essa discussão na primeira infância”, analisa. Confira o bate-papo que rolou com os docentes, durante o programa CBN Campo Grande nesta sexta-feira (29).