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POLÍTICA NACIONAL

Relatoria do projeto contra o crime organizado gera impasse entre governo e oposição na Câmara

Escolha de Derrite como relator do Marco Legal de Combate ao Crime Organizado provoca críticas de Lindbergh Farias

Escolha de Derrite como relator do Marco Legal de Combate ao Crime Organizado provocou críticas da base do governo - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Escolha de Derrite como relator do Marco Legal de Combate ao Crime Organizado provocou críticas da base do governo - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), de designar Guilherme Derrite (PL-SP) como relator do Marco Legal de Combate ao Crime Organizado (PL 5.582/2025) provocou divergências entre governo e oposição.

O projeto, elaborado pelo Ministério da Justiça e encaminhado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), propõe o endurecimento de penas e o fortalecimento das medidas de combate a facções criminosas.

O texto do relator foi protocolado na sexta-feira (7), um dia após Derrite reassumir o mandato de deputado federal, depois de deixar o cargo de secretário de Segurança Pública de São Paulo.

Segundo Hugo Motta, o relatório “preserva avanços do projeto do governo federal e endurece as penas contra o crime organizado”.

Em publicação nas redes sociais, o presidente da Câmara afirmou que vai conduzir o debate “com transparência e firmeza”, e destacou que a segurança pública deve ser tratada como pauta suprapartidária.

“O país pode divergir em muitas coisas, mas, na defesa da vida e da segurança, o Brasil precisa andar junto. Com o Marco Legal de Combate ao Crime Organizado, o país encontrou um ponto de unidade”, escreveu Motta.

Críticas do PT

A escolha do relator foi criticada pelo líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), que classificou a decisão como um “desrespeito” ao presidente Lula e ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

Em vídeo publicado nas redes sociais, Lindbergh afirmou que a indicação de Derrite “politiza um debate que deveria ser técnico”.

“Colocar o Derrite à frente desse projeto é querer transformar uma pauta de segurança em disputa eleitoral. Ele é pré-candidato ao Senado e vai usar isso como plataforma política. Além disso, tem posições opostas às do governo”, afirmou o parlamentar.

Lindbergh também criticou o que chamou de tentativa de “descaracterizar a proposta original”, elaborada pelo Executivo. Segundo ele, o governo pretende manter o foco em investigações financeiras e integração entre a Receita Federal, a Polícia Federal e o Ministério da Justiça, enquanto Derrite defende medidas mais rígidas de repressão direta.

Debate deve ser ampliado no Plenário

Apesar das divergências, Hugo Motta reforçou que o Plenário da Câmara será soberano na análise da proposta e que as discussões serão conduzidas “de forma ampla e democrática”.

O presidente disse ainda que pretende envolver governo, oposição e sociedade civil no debate.

“É hora de colocar todos na mesma mesa: governo, Congresso e sociedade, com a maturidade que o país exige, para trabalhar juntos por um projeto que una o Brasil no que realmente importa — garantir segurança à população”, declarou.

O Marco Legal de Combate ao Crime Organizado está em regime de urgência constitucional e deve ser analisado nas próximas semanas.