
O governo de Mato Grosso do Sul anunciou a antecipação de R$ 3,3 milhões de um convênio com a Prefeitura de Campo Grande, destinado ao custeio de passes estudantis. A medida busca viabilizar o pagamento de salários e vales atrasados e, assim, permitir o retorno dos ônibus da Capital, que estão paralisados desde segunda-feira (15).
De acordo com o governador Eduardo Riedel (PP), o repasse será feito ainda nesta quinta-feira (18). Após a transferência, os recursos seguirão para a prefeitura e, posteriormente, para o Consórcio Guaicurus, responsável pelo transporte coletivo, onde serão utilizados para quitar os vencimentos pendentes dos motoristas.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano (STTCU), Demétrio Freitas, afirmou que a retomada das atividades exigirá uma logística organizada e que não é possível definir um horário exato para o retorno da frota. Segundo ele, a volta será gradual, mas garantiu que ainda hoje os ônibus começarão a circular, sem necessidade de convocação de assembleia.
A paralisação manteve-se mesmo após determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que exigiu operação mínima de 70% da frota desde o início da greve. O descumprimento da decisão judicial intensificou os impactos da paralisação sobre trabalhadores, empresas e serviços essenciais.
Impactos econômicos
Estudos do Observatório da Indústria da Fiems indicam que a greve acarreta prejuízos diários significativos, especialmente para a indústria de transformação. Cada trabalhador do setor produz, em média, R$ 3,5 mil por dia, e Campo Grande concentra cerca de 22 mil profissionais em segmentos como confecções, frigoríficos, alimentos, vidro, pré-moldados e marcenaria.
Segundo simulações, a ausência de 25% desses trabalhadores resulta em perdas de R$ 19 milhões por dia; com 50%, o prejuízo chega a R$ 38,5 milhões; e, caso 75% da força de trabalho não consiga chegar às empresas, o impacto diário atinge cerca de R$ 58 milhões.
O comércio também sofre com a paralisação. A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) estima perdas de R$ 10 milhões por dia, totalizando cerca de R$ 40 milhões desde o início da greve. Enquanto grandes empresas organizam transporte próprio, pequenos estabelecimentos recorrem a corridas por aplicativo para manter atividades, aumentando os custos operacionais.
Saúde e serviços essenciais
A greve afeta ainda a saúde pública e privada. A Santa Casa de Campo Grande relatou dificuldades no deslocamento de funcionários, com ausências em setores como portaria, cozinha, ambulatório, lactário e elevadores. Para minimizar os impactos, motoristas da própria instituição transportaram colaboradores, garantindo a continuidade dos atendimentos à população.