Uma queda no fornecimento de internet atingiu o bairro Jardim dos Estados, região central de Campo Grande (MS), na tarde desta quinta-feira (13), e durou cerca de três horas após um cabo de fibra óptica ser rompido durante um serviço de poda de árvores na calçada de uma residência. Entre os locais afetados estavam um hipermercado e um hospital, que permanecem funcionando neste feriado municipal de Santo Antônio.
O incidente, segundo o responsável por uma das empresas provedoras de internet na capital, é mais comum do que se imagina. A empresa Freeway afirma que registra em média dois rompimentos por semana, provocados por podadores de árvores, mas o número aumenta em períodos de intensificação da manutenção urbana.
“Hoje, o nosso maior ofensor, o que mais indisponibiliza backbone (que conecta as centrais das operadoras de Internet aos servidores externos) é o podador. Podemos contabilizar, com tranquilidade, cerca de dez ocorrências desse tipo por semana, em Campo Grande”, explicou Leonardo Ribas.
De acordo com o técnico, a cidade conta com uma arborização densa, o que exige manutenções frequentes, mas sem o devido planejamento técnico ou fiscalização adequada.
“O podador, muitas vezes, não tem noção do que está acontecendo ali. E mesmo quando o cabo está em altura regular, ele acaba sendo atingido por serras que a fibra não suporta. Isso quebra a rede”, relatou.
Na capital sul-mato-grossense, cerca de 20 operadoras regionais atuam somente na área central da cidade e muitas enfrentam os mesmos problemas. “Se todas fossem ouvidas, o número de incidentes mensais seria ainda maior“, revelou Ribas.
Outros fatores
O caso desta sexta-feira, que impactou diretamente mais de mil endereços, não foi isolado. Além do rompimento por poda, na mesma rua havia outro ponto da rede de fibra óptica danificado, desta vez em consequência do furto de cabos, crime que tem crescido nas cidades brasileiras e causado prejuízos a empresas e à população.
Em muitos casos, o furto não só interrompe o fornecimento de internet como também o de energia elétrica. E há ainda rompimentos provocados por veículos, como caminhões e ônibus, que enroscam na rede de fios.
O cenário escancara um problema estrutural mais amplo: a ausência de diretrizes integradas entre as esferas municipal, estadual e federal quanto à gestão do cabeamento urbano e à fiscalização de serviços nas vias públicas.
Consequências além da conectividade
O rompimento de cabos instalados nos postes em áreas urbanas não afeta apenas a prestação de serviços de internet e energia elétrica. Cabos rompidos e deixados pendurados se tornam armadilhas, principalmente para motociclistas — vítimas frequentes desse tipo de situação.
Há registros frequentes de acidentes de trânsito envolvendo motociclistas que colidem com fios caídos ou baixos demais nas vias. O risco à segurança viária aumenta à noite ou em dias de chuva, quando a visibilidade é prejudicada.
Há ainda o impacto estético negativo à paisagem urbana, agravado por fios expostos ou mal posicionados. Esse desordenamento dos cabos contribui para a poluição visual e dificulta ações de manutenção da rede elétrica e de telefonia, já que o emaranhado de fios torna o trabalho técnico mais demorado e arriscado.