
O secretário de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Antônio Carlos Videira, afirmou que a Corregedoria da Polícia Civil já investigava possíveis desvios de conduta envolvendo policiais antes da prisão do agente do Garras flagrado pela Polícia Federal durante a entrega de propina em Três Lagoas.
A declaração foi dada nesta segunda-feira (1º), durante o encerramento da campanha Caixa Encantada, do Governo do Estado.
“A Corregedoria já tinha procedimentos instaurados”, diz Videira
Ao comentar o caso, Videira afirmou que as investigações internas não começaram após a prisão, mas já estavam em andamento. “A Corregedoria tem procedimentos instaurados há algum tempo, apurando desvios de conduta de policiais investigados por crimes transfronteiriços, especialmente contrabando e descaminho”, disse.
O secretário afirmou que parte dessas apurações já resultou em punição. “Alguns servidores já foram exonerados. Publicamos recentemente exoneração de policiais envolvidos com contrabando”, destacou.
Ele também comentou sobre a atuação do crime organizado na tentativa de corromper servidores públicos. “O crime organizado tenta primeiro cooptar. Quando não consegue, tenta desacreditar. O policial que enfrenta esse tipo de crime sofre muito assédio”, afirmou.
Por isso, segundo ele, a atuação das corregedorias é essencial: “É preciso fiscalizar, auditar, punir e, nos casos mais graves, exonerar.”
Posicionamento da Polícia Civil
Mais cedo, a Polícia Civil divulgou nota informando que abriu procedimento administrativo disciplinar contra o policial preso e que solicitou acesso ao procedimento investigatório da PF.
A instituição afirmou que o caso é restrito ao servidor investigado e que a apuração interna será conduzida com independência pela Corregedoria-Geral.
Entenda o caso: prisão em flagrante durante entrega de propina
A prisão ocorreu na tarde de sexta-feira (28), quando a Polícia Federal flagrou o policial civil Augusto Torres Galvão Florindo, lotado no Garras desde 2023, e o ex-guarda civil metropolitano Marcelo Raimundo da Silva durante a entrega de dinheiro em um estacionamento de atacarejo em Três Lagoas.
Segundo a investigação, o valor seria parte de um acordo referente à venda de mercadorias contrabandeadas apreendidas anteriormente pela própria polícia em Campo Grande.
No veículo do policial, agentes encontraram R$ 20 mil. Augusto afirmou que o repasse total seria de R$ 130 mil, e que ficaria com R$ 7 mil. Em depoimento, disse que “não é ganancioso” e que aceitou participar porque “estava fácil”.
PF apura participação de outros servidores
A Polícia Federal já pediu a quebra de sigilo telefônico dos dois presos para identificar outros possíveis envolvidos no esquema. As mercadorias negociadas incluíam aparelhos eletrônicos e cigarros eletrônicos contrabandeados. Marcelo possui histórico de envolvimento com contrabando e descaminho.
A Justiça Federal converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva no sábado (29). Os dois seguem custodiados enquanto a investigação avança sobre a rota do dinheiro, a origem das mercadorias e o eventual envolvimento de outros agentes públicos.