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ABALOS EM MS

Sonora vive sequência de tremores após abalo de 3.5, um dos mais fortes do Brasil em 2025

Eventos colocam Mato Grosso do Sul em destaque entre os estados com maior número de sismos no país

Terremotos ocorreram dentro da bacia sedimentar do Pantanal, e na divisa com MT - Foto: Reprodução/Prefeitura de Sonora
Terremotos ocorreram dentro da bacia sedimentar do Pantanal, e na divisa com MT - Foto: Reprodução/Prefeitura de Sonora

O tremor de terra de magnitude 3.5 registrado na noite de segunda-feira (12) em Sonora, no norte de Mato Grosso do Sul, foi seguido por uma sequência de 15 réplicas, todas com magnitude entre 1.0 e 1.9 na escala Richter, de acordo com atualizações do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP)

Os eventos ocorreram em um intervalo de até uma hora e 20 minutos após o primeiro abalo, que foi o mais forte registrado no estado desde 2016.

Um outro tremor, de 2.1 na escala Richter, também foi registrado no município na manhã de terça-feira (13), chegando ao total de 17 abalos sísmicos em menos de 10 horas.

Segundo a professora Edna Maria Facincani, doutora e pesquisadora da Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo e Geografia da UFMS, a ocorrência dessas réplicas é um fenômeno natural e esperado após tremores de maior intensidade.

“São sismos menores que ocorrem logo após um evento principal, como o de 3.5. É um processo de acomodação das tensões na crosta terrestre”, explica.

Com esses eventos, o estado chegou a 24 abalos sísmicos nos cinco primeiros meses de 2025 — o maior número desde 1998, onde no ano inteiro foram registrados nove terremotos.

De acordo com Edna, os sismos ocorrem dentro da bacia sedimentar do Pantanal, uma região considerada sismicamente ativa. “A média dos sismos do Pantanal varia de 2.5 a 3.5 na escala Richter. Embora tremores acima de 4 sejam mais raros, estatísticas indicam que, a cada cinco anos, a região costuma registrar pelo menos um evento com essa magnitude”, afirma a professora.

O tremor de 3.5 em Sonora também se tornou o quarto mais forte registrado no Brasil neste ano, atrás apenas dos sismos de 5.6 na fronteira com o Peru (11 de março) e de 4.4 em Poconé (MT, em 1º de março), além do de 4.3 em Parauapebas (PA, em 3 de abril).

Tremores em Sonora ocorreram na Divisa com Mato Grosso – Foto: Divulgação/Rede Simográfica Brasileira

Ainda segundo a pesquisadora da UFMS, a população não precisa se alarmar com os eventos de baixa magnitude. “Tremores abaixo de 4.0, em geral, não causam danos estruturais. São muitas vezes imperceptíveis e ocorrem em regiões profundas da crosta terrestre”, ressalta.

Apesar do aumento no número de registros, a professora explica que isso também está ligado ao avanço tecnológico. Desde 2003, uma parceria entre a UFMS e o Instituto de Geofísica da USP tem ampliado a quantidade de estações sismográficas no estado, o que possibilita identificar tremores que antes passavam despercebidos.