A distribuição de bebidas adulteradas com metanol pode ultrapassar os limites de São Paulo, afirmou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, durante coletiva em Brasília nesta terça-feira (30).
“Tudo indica que há uma distribuição para além do estado de São Paulo, o que atrai a competência da Polícia Federal para investigar o caso”, destacou.
Até agora, foram confirmados dez casos de intoxicação, com três mortes. O ministro frisou que o crime terá investigação ampla: “Determinamos à Polícia Federal a abertura de inquérito para verificar a procedência do produto e a rede de distribuição. Estamos diante de um crime gravíssimo, previsto no Código Penal e no Código de Defesa do Consumidor”.
Mudança no perfil das ocorrências
Segundo Lewandowski, os casos mais recentes chamaram a atenção pelo perfil das vítimas. “Antes, havia registros envolvendo pessoas em situação de rua, mas agora surgem ocorrências em bares e restaurantes, em bebidas como uísque, gin e vodca”, afirmou.
Ele ressaltou ainda a importância do sistema de alerta rápido, criado em fevereiro deste ano. “Desde sexta-feira, o sistema emitiu comunicado a todo o país e, no sábado, a Secretaria Nacional do Consumidor enviou nota técnica a estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas, com orientações para evitar novas intoxicações”, completou.
Saúde reforça vigilância e orientação
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, também participou da coletiva e destacou que a situação é atípica. “O Brasil registra em média 20 casos de intoxicação por metanol ao ano. Só em agosto e setembro tivemos 17 notificações, concentradas em São Paulo, o que representa quase o total esperado para 12 meses”, disse.
Padilha explicou que uma nota técnica será divulgada para orientar profissionais de saúde em todo o país. “Queremos reforçar que qualquer suspeita deve ser notificada imediatamente. Não é necessário esperar a confirmação do diagnóstico. Esse alerta é fundamental para garantir atendimento rápido e reduzir os riscos”.
Segundo ele, há sinais que devem chamar a atenção: “Dor intensa diferente da azia ou da ressaca comum e alterações visuais, como flashes de luz ou perda parcial da visão, são indicativos que precisam ser levados imediatamente ao serviço de saúde”, destacou.