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Campo Grande, 28 de março

Zeina Latif cita armadilhas da economia que impactam no potencial de crescimento do país

País apresenta, em quase 40 anos, taxa média de crescimento econômico pior que a da América Latina

Por Lígia Sabka/Kelly Martins
28/06/2022 • 17h04
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A doutora em economia e atual secretária de desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo, Zeina Latif, foi a segunda palestrante da tarde desta terça-feira (20), no 1º Fórum RCN de Economia. Zeina apresentou um vasto levantamento de dados para mostrar que o Brasil precisa mudar a atual política econômica, fiscal e tributária e iconquistar a sofisticação institucional, com qualidade de ensino, estado forte e eficiente, capacidade de inovar e regras claras, para se tornar um país rico.

Sobre a taxa anual de crescimento brasileira, analisada entre os anos de 1980 e 2019, a economista destacou que está abaixo da taxa anual registrada na América Latina, sendo de 0,68% e de 1,34% em média, respectivamente. Ela ainda enfatizou algumas distorções na política econômica que são difíceis de se corrigir, como a alta carga tributária e o gasto público. Zeina ainda pontuou a questão da intervenção estatal.  

"Não é problema ter intervenção mas ela  precisa ser cuidadosa. A gente esticou demais essa corda, essa estratégia. E o problema que a gente tem, de forte intervenção estatal, muitas políticas públicas que deixam de ser relevantes, financiadas por uma carga tributária elevada que gera ainda mais distorções na economia... a qualidade do gasto público é ruim, da intervenção é ruim e a gente está financiado ainda mais a carga tributária. E alguns setores são particularmente impactados", disse a economista.

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Ela também destacou que a população tem a tendência de culpar os governantes, esquecendo da própria responsabilidade em abrir mão de certos benefícios e/ou de ganhos em prol da coletividade. E citou que uma das dificuldades para a viabilidade do setor econômico brasileiro, dentro da política comercial internacional, é o fato do país "ser extremamente fechado quando se olha para as barreiras tarifárias e não tarifárias".

Também citou o envelhecimento da população como fator de redução do potencial de crescimento. "O ritmo de entrada de pessoas no mercado de trabalho é inferior à saída. Foi importante a Reforma da Previdência, mesmo assim não dá conta da demografia." 

Outro ponto é a baixa produtividade do trabalho. "Quando se observa o PIB pelas horas trabalhadas, estamos com a produtividade praticamente estagnada. A produtividade do trabalhador brasileiro equivale a 25% do trabalhador americano, por exemplo." Uma maior qualificação e investimentos em educação, com melhor gestão de recursos, seria o caminho para acelerar ganhos de produtividade e compensar esses problemas.

Sobre a taxa de investimento no país, que tem oscilado em torno de 15% do PIB nos últimos anos, Zeina cita que os Estados Unidos investem até 22% do PIB e por isso tem maior estoque de capital em  infraestrutura. Durante a palestra ela evidenciou o fato de que o país segue preso na 'armadilha da renda média' -  um termo instituído em 2007 pelo Banco Mundial para definir economias que, após atingirem um nível intermediário de renda, não conseguem ir além, pois perdem a vantagem competitiva nas exportações diante do aumento salarial.

Assim, é mais fácil sair da pobreza e virar renda média do que atingir a condição de riqueza. Seria esse o caso do Brasil, na avaliação de Zeina Latif. "Saiu da pobreza, mas não consegue ficar rico. E o problema é que está cada vez mais difícil sair dessa situação".

 

 

 

 

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