RÁDIOS
Três Lagoas, 06 de maio

Afogamento é a principal causa de morte em crianças até 4 anos

Bombeiros orientam pais a ficarem atentos com os filhos durante o período de descanso e alerta no uso de piscinas e banheiras

Por Karina Anunciato
14/01/2024 • 07h49
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Com o aumento das temperaturas e o início do período de férias, o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS) alerta para o aumento dos riscos de afogamentos. Em 2023, foram registrados 60 casos no Estado.

O tenente-coronel Paulo de Lima destaca que o afogamento é a primeira causa de morte em crianças de 1 a 4 anos e a segunda em crianças de 5 a 9 anos, por isso a vigilância deve ser constante para prevenir os casos.

Nesse período de férias, podemos dizer que as pessoas estão mais propensas a baixar a guarda em relação à segurança? Isso explica, em parte, os números de afogamentos no estado?    

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Paulo de Lima: Com certeza, principalmente em relação às crianças. Houve 60 afogamentos em Mato Grosso do Sul em 2023.  Hoje nós contamos com a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático, e ela prega muitas medidas de prevenção, com diversos dados estatísticos a respeito disso. Um deles muito importante é sobre o número de mortes com crianças.  O afogamento é a primeira causa de morte em crianças de 1 a 4 anos, e a segunda causa de morte em crianças de 5 a 9 anos.  Daí a importância, principalmente nesse período de férias, com altas temperaturas, e de brincadeiras em locais com água, dos pais e responsáveis, em ter atenção 100% do tempo com aquela criança, mesmo que a criança saiba nadar.

Além de piscinas e rios, o afogamento pode ocorrer em casa, em objetos como o balde, por exemplo. Como essa situação se dá? E de que forma vocês são acionados quando uma ocorrência desse tipo acontece?

Paulo de Lima: As crianças nesse período de férias estão em casa, e geralmente crianças pequenas têm muita curiosidade. Então, às vezes o balde está com água para lavar uma roupa, aquela criança se aproxima do balde e, como a estatura dela não é tão grande para que ela possa acessar aquele balde e olhar, ela acaba caindo ali dentro de cabeça.  Sem a supervisão de um adulto, ela acaba se afogando, e quando o adulto se dá conta de onde está a criança, já aconteceu aquele afogamento.  Sabemos que mais da metade, 55% dos afogamentos, se dá em residências.  Piscinas, banheiras também. Crianças pequenas de até um ano que tomam banho em banheiras ainda. Às vezes, o pai deixa a criança brincando na banheira e sai para pegar alguma coisa, quando volta aquela criança está se afogando, isso aí acontece muito.

Qual a orientação que o Corpo de Bombeiros passa, especialmente nesta época do ano, neste momento de curtir as férias nas piscinas?

Paulo de Lima: Essa questão de piscinas em residências, nós gostamos de destacar essa prevenção, principalmente quanto à dificuldade. Dificultar o acesso de crianças a essas piscinas, com cercamento. É muito importante esse cercamento. Nem sempre você está ali 100% do tempo atento. Então, se o local estiver cercado, aquela criança terá dificuldade para ter acesso naquela piscina.

Muitas pessoas falam que deixam a porta fechada e por isso não precisam cercá-la. Mas é um momento de descuido, com aquela porta aberta, a criança tem passagem livre e ela se sente atraída, gosta da água, as crianças gostam muito de água. Vão se aproximando da piscina, na curiosidade, veem o reflexo e acabam caindo.

Em caso de alguém se afogando, o que se deve fazer primeiramente?

Paulo de Lima: No caso de piscinas em residências, a primeira coisa a se fazer é a questão de ralos anti-sucção, porque muitas piscinas têm aqueles ralos, e esses ralos não têm uma tela, e acabam aspirando copos, cabelos, e as crianças acabam ficando presas ali no fundo. Outra coisa importante é que os adultos da casa saibam interromper o processo da bomba da piscina. Porque se há essa questão da aspiração ali, é preciso que o adulto saiba onde ele vai mexer na bomba pra desligar e conseguir retirar aquela criança dali da água.

Existem normas que obrigam ralos de proteção nos locais onde possam haver a sucção nas piscinas. Como é feita essa fiscalização?

Paulo de Lima: O Corpo de Bombeiros faz a fiscalização em locais coletivos, que são piscinas de clubes. Nesses locais, o Corpo de Bombeiros tem uma norma técnica, e essa norma técnica tem que ser cumprida por esses estabelecimentos onde é feita a fiscalização e vistoria do Corpo de Bombeiros. Porém, nas residências vai da consciência das pessoas, porque é uma norma técnica que tem pouco tempo de vigência. Então, as pessoas precisam se adequar para evitar o afogamento.

Voltando para o caso de acidente, qual a principal ação para resgatar a pessoa?

Paulo de Lima: A principal medida a ser tomada para que você consiga cessar aquele afogamento é a retirada das vias aéreas da pessoa do contato com a água. Então, imediatamente após visualizar alguém se afogando, é preciso ofertar um objeto flutuador pra aquela pessoa, para que ela possa se acalmar, se manter ali na superfície da água e volte a respirar normalmente.  Essa é a medida principal que tem que ser pensada. A pessoa tá ali na residência, tenta achar uma boia, uma prancha, ou até um objeto improvisado como garrafas pet. Se naquele momento não há um objeto flutuador de maneira natural, você improvisa aquele objeto pra você poder ofertar pra aquela pessoa afogada. Nós sempre recomendamos evitar o contato.  No caso de piscina, quando for uma criança, o adulto tem um porte maior, então ele consegue conter aquela criança e fazer a retirada da água, mas a gente sempre recomenda que seja evitado o contato direto. Sempre busque se aproximar pela parte das costas, porque muitas vezes o afogado, no desespero, acaba agarrando a pessoa e gerando nova vítima.

Em casos de afogamento em rios, qual é a recomendação?

Paulo de Lima: O rio tem uma profundidade maior, então cabe mais alerta e mais atenção ainda para evitar entrar na água, se possível.  Entrar na água para fazer esse socorro é o último caso. Acionar o atendimento especializado, ligar para o 193, Corpo de Bombeiros, de imediato, e da margem, se aproximar e tentar oferecer, ofertar esse objeto flutuador. Caso a pessoa se afogue, tenha calma. Se tiver correnteza, deixe a correnteza levar. E busque flutuar, porque a maioria dos óbitos que ocorrem em casos de rios, é com pessoas que tentam lutar contra a correnteza e acabam se desgastando, perdendo energia, e vindo a submergir.

O que não fazer em caso de afogamento?

Paulo de Lima: Evitar ao máximo entrar na água se consumir bebida alcoólica. Às vezes, as pessoas  que consomem a bebida alcoólica acabam criando uma certa coragem  que não tem normalmente,  querem enfrentar o mar  ou querem enfrentar aquele rio ali sem conhecer, e acabam se tornando uma vítima, porque a coordenação motora fica prejudicada,  o reflexo fica prejudicado. E evitar pular na água de cabeça, entrar sempre primeiro com os pés. Diversão sim, mas com responsabilidade é preciso.

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