RÁDIOS
Três Lagoas, 29 de abril

"Essa rua nunca vai ser a mesma sem ela", diz sobrevivente de ataque sobre morte de amiga

Primeiro caso de feminicídio deste ano, registrado em 21 de março, completa mais de uma semana

Por Any Galvão
01/04/2024 • 12h23
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O primeiro caso de feminicídio deste ano, registrado em 21 de março, em Três Lagoas, completou mais de uma semana, deixando familiares e amigos da vítima, Gilvanda de Paula, em busca de justiça enquanto enfrentam o luto pela perda.

Gilvanda, de 41 anos, mãe e amada por todos que a conheciam, foi assassinada a tiros pelo ex-companheiro, Pedro Henrique Amaral, de 26 anos, quando chegava a um velório de uma vizinha.

A vítima estava acompanhada por duas amigas no momento em que foi atingida por tiros. Uma delas é Maria Isabel Prates Oliveri, ex-vereadora por Três Lagoas, conhecida como ‘Bel do PT’, que também foi ferida mas sobreviveu ao ataque.

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Em uma entrevista exclusiva ao JPNews, Bel relatou detalhes do ocorrido. Segundo ela, as duas eram amigas de longa data e se conheceram quando Bel mudou para Três Lagoas, em 1983, em uma casa vizinha à de Gilvanda. Elas se viam todos os dias e sempre contavam uma com a outra.

Gilvanda desabafava com a amiga sobre os problemas enfrentados no relacionamento que tinha com Pedro. As discussões entre os dois começaram a preocupar a amiga. Mesmo com as ameaças que sofria durante e depois do fim do relacionamento, Gilvanda não acreditava que o ex-companheiro pudesse atentar contra a vida dela.

A mesma vinha de carro pela rua enquanto Pedro a seguia. Os dois entraram no estacionamento da sala funerária onde estava ocorrendo o velório da vizinha dela. Gilvanda e Pedro pararam o carro um do lado do outro e ele saiu do automóvel atirando contra ela.

Um dos disparos atingiu Bel, que estava no banco do passageiro e, em primeiro momento, não sentiu que estava ferida devido ao estado de choque. A bala a machucou na perna esquerda, um ponto frágil do corpo de Bel, que usa uma prótese próximo ao lugar onde foi atingida. A fratura não foi tão profunda, mas ela não conseguia ficar em pé por muito tempo e sentia queimações.

Gilvanda chegou ainda com vida ao hospital, mas morreu logo depois. Ela deixou três filhas, uma dessas é filha de Pedro. A mais velha, que é maior de idade, está sendo a responsável pela casa e tem recebido o apoio dos amigos e familiares. Ainda em estado de choque, ela preferiu não ser entrevistada.

Pedro Henrique foi preso no mesmo dia do feminicídio e confessou o crime, atribuindo-o a um momento de descontrole causado pelo consumo de álcool. No entanto, amigos e familiares relatam que Pedro tinha histórico de ciúmes e as brigas entre o casal eram constantes.

A polícia ainda deve concluir o inquérito e indiciar o suspeito. Enquanto isso, Bel espera que a justiça seja feita para a amiga e outras vítimas deste mesmo crime.  
 

Estatística

O Brasil tem vivido uma onda recorde de feminicídios. Em 2023, 1.378 mulheres morreram vítimas deste crime, o maior número já registrado desde que esta prática foi inserida no Código Penal. Em muitos casos, como o de Gilvanda, os parceiros ou ex-companheiros são os principais responsáveis.

Mulheres em situação de risco ou violência podem buscar ajuda na Delegacia de Atendimento à Mulher (Depac), em Três Lagoas, ou ligar para o número 180 para fazer denúncias.

Confira a reportagem abaixo:

 

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