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Três Lagoas, 29 de abril

Indústria X logística de transporte: Um desafio para os governos

Confira o editorial do Jornal do Povo, da edição deste sábado (6)

Por Redação
06/04/2024 • 07h53
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Nesta semana, o encontro entre os governadores Eduardo Riedel e Tarcísio de Freitas, dois grandes gestores públicos da atualidade, reforçou o debate sobre a necessidade de se reativar a Malha Ferroviária Oeste, ligando o nosso estado até São Paulo. O corredor logístico entre Campo Grande, Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas é essencial para o escoamento da celulose e de outros produtos do agronegócio de Mato Grosso do Sul, que até permanece praticamente abandonado pelo governo federal.

A saída, em discussão entre os governos estaduais e as indústrias do setor de celulose, maiores interessadas na reativação da ferrovia, seria viabilizada por uma Parceria Público-Privada priorizando, neste momento, o atendimento às demandas do vale da celulose, mas que irá beneficiar toda a cadeia produtiva primária dessa região. Nesses últimos anos, aumentar a suficiência logística da indústria é um desafio que tem sido superado, em parte pela iniciativa privada.

As gigantes da celulose, Eldorado e Suzano, têm desenvolvido segmentos próprios para visualizar o transporte da produção pelos trilhos. Mas, a urgência dos investimentos privados tem esbarrado na velocidade das análises dos projetos enviados ao poder público federal e que dependiam de autorização para serem implantados.

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A Suzano esperou por um ano pela análise técnica dos pedidos encaminhados à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), com investimentos previstos de R$ 1,27 bilhão para construir uma estrada de ferro, com 24,7 quilômetros, desde a fábrica de Três Lagoas até o perímetro urbano, no arco do contorno rodoviário da Rumo, e outro trecho, com 136 quilômetros, entre Três Lagoas e Aparecida do Taboado, onde começa a Malha Norte.

É importante lembrar que a produção de celulose em MS cresce a passos largos, o que ainda demanda a utilização de centenas de caminhões transitando pela BR-262 e nas demais rodovias do estado, colocando em risco a segurança de todos que trafegam por essas estradas.

Outro megaempreendimento que começa a trazer impacto no setor logístico do estado é o da chilena Arauco, a segunda empresa mundial em termos de produção de celulose de fibra curta. Hoje, a empresa possui mais de 60 mil hectares de florestas cultivadas implantadas em seis cidades na Costa Leste: Inocência, Água Clara, Três Lagoas, Aparecida do Taboado, Selvíria e Chapadão do Sul. 

A perspectiva é que no auge da operação, sejam explorados 285 mil hectares de eucaliptos, quase cinco vezes mais do que a área atual, para abastecer a indústria que será construída, com previsão de produzir 2,5 milhões de toneladas de celulose. Tão grande quanto esses números é a exigência para o incremento no suporte logístico regional,  para evitar o aumento no fluxo de cargas pesadas pelas rodovias locais. É por isso que Riedel e Tarcísio têm pressa para definir um caminho a ser seguido. E, nos próximos dias, os dois governadores pretendem levar a proposta da Parceria Público-Privada com as empresas Eldorado e Suzano ao Ministro dos Transportes, Renan Filho, potencializando e acelerando as ações já iniciadas em trechos ferroviários de Mato Grosso do Sul, buscando encurtar distância e diminuir custos com o transporte de cargas até o Porto de Santos, destino final para o embarque das exportações. 

Dessa forma, é de consenso entre os governantes, excluir do projeto o trecho da malha compreendido entre Mairinque e Panorama, no estado paulista.

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