RÁDIOS
Três Lagoas, 26 de julho

Polícia Civil orienta população a fazer doações por canais oficiais

Golpistas se aproveitam do momento de fragilidade, diante da catástrofe no RS, para fazer vítimas por meio de pagamentos eletrônicos

Por Chris Reis e Karina Anunciato
12/05/2024 • 13h34
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A situação de catástrofe climática que assola o Rio Grande do Sul mobiliza os estados brasileiros. Desde o dia 29 de abril, temporais já causaram enchentes em 437 dos 497 municípios gaúchos. Pelo menos 100 mil casas estão destruídas ou danificadas e o número de desabrigados passa de 330 mil pessoas. Em Mato Grosso do Sul, várias entidades, igrejas, grupos de amigos e segmentos econômicos, além dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário se mobilizam para, de alguma forma, juntar forças e enviar doações às vítimas.

Diante da grande mobilização, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul orienta sobre os cuidados que a população deve ter no momento de fazer as doações, para que esta grande manifestação de solidariedade não seja alvo da ação de oportunistas que aplicam golpes. O titular da Delegacia de Pronto Atendimento (Depac), Rodrigo Camapum, explica como ajudar sem cair em golpes.

De que forma são aplicados esses golpes? 
RODRIGO CAMAPUM Por meio dos canais eletrônicos. Eles [os criminosos] não têm mais uma localidade fixa. Então, muitas vezes o autor do crime está em outro estado ou aqui mesmo em Mato Grosso do Sul e pratica o crime em locais diversos do país. Então, a análise que temos de fazer, realmente, é no âmbito nacional a respeito desse tipo de fraude. 

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E de qual crime estamos falando?
RODRIGO CAMAPUM É basicamente o estelionato. Entretanto, percebemos que esse estelionato funciona um pouco diferente. Nesse caso, da doação, é simplesmente algo que é feito de forma gratuita. E esses oportunistas utilizam esse momento, a empatia, a solidariedade, o sentimento de fraternidade que nós temos com outro ser humano, justamente para poder obter essa vantagem indevida, essa vantagem ilícita em um momento de fragilidade.

Em uma situação como esta do Rio Grande do Sul, onde as pessoas estão mobilizadas a ajudar, fica mais fácil envolver as vítimas no estelionato? 
RODRIGO CAMAPUM Exatamente. Existe algo que chamamos de empatia tática, ela é estabelecida justamente para que a pessoa se sinta à vontade, seja envolvida por toda a situação e, então, acredita em uma narrativa. É quando ocorre o golpe. Percebemos, principalmente nesse tipo de golpe, que há uma facilidade maior justamente porque a vítima tem uma empatia criada. Os aproveitadores e oportunistas usam justamente aquilo que nos torna humanos, que é a empatia, a cooperação, que liga a sociedade verdadeiramente. Eles se aproveitam disso e aí temos, realmente, um aumento na criminalidade.

E como as pessoas podem se proteger dessas situações, neste momento?
RODRIGO CAMAPUM É importante que a pessoa busque os meios e os canais que sejam oficiais. Eu posso citar aqui o exemplo, do SOS Rio Grande do Sul - uma campanha que está sendo feita pelo próprio Rio Grande do Sul e haverá auditoria e fiscalização do recebimento e dos gastos com os fundos arrecadados. Então, é importante que a pessoa conheça a organização a quem será realizada essa doação. Procure a reputação dessa organização nos meios sociais. E, claro, não basta simplesmente saber o nome, mas ter certeza de que aquele canal, aquele site, é oficial. Pedimos, principalmente, grande atenção quando se recebe links por meio das redes sociais, aplicativos de comunicação. É necessário tomar cuidado com isso. Sabemos que essas organizações, que trabalham com assistência às vítimas das enchentes, têm sites, são sérias e quando fazem campanhas, elas têm ali as orientações corretas para a doação.

O que  as pessoas podem fazer ao perceber que caíram em algum golpe? 
RODRIGO CAMAPUM É necessário ir até a delegacia registrar o Boletim de Ocorrência em qualquer unidade da Polícia Civil. A Delegacia de Polícia está pronta para receber todas as pessoas, justamente para fazer o registro, não somente destes crimes de estelionato, mas de todos os outros crimes. A Depac preza pelo atendimento à população e o atendimento com qualidade. Além do Boletim de Ocorrência é importante fazer a denúncia também, porque quanto mais denúncias nós tivermos, mais peças do quebra-cabeça nós teremos para poder elucidar aquele crime.

Mas e o prejuízo financeiro? Há algum caminho para tentar reaver o dinheiro?
RODRIGO CAMAPUM Quando há suspeita de que o depósito tenha sido feito em em determinada conta bancária que possa estar sendo utilizada para atividade criminosa, o próprio funcionário do banco, o gerente do banco, ele tem a oportunidade de fazer o bloqueio daquela conta. Existe um mecanismo eletrônico de devolução que funciona como um instrumento para que a pessoa - caso realize um PIX e seja decorrente de uma atividade criminosa -  tenha o valor restituído. Entretanto, quanto antes for feita essa denúncia, melhor, porque o dinheiro ainda vai estar na conta. Ele é bloqueado e dentro de 72 horas devolvido àquele que fez a doação à conta criminosa.

Às vezes, denunciar fica difícil para a vítima porque se sente envergonhada por ter caído no golpe. O que o senhor diria a essas pessoas? 
RODRIGO CAMAPUM Sim, é comum acontecer isso. Conversamos com a vítima e ela realmente fala sobre esse sentimento, sobre como se viu envolvida, como se tivesse ficado entorpecida e que só percebeu o golpe após o depósito. Então, é importante que a pessoa tenha consciência de que ela é vítima e o criminoso se utiliza de meios para justamente envolver a pessoa. O estelionatário é uma pessoa ardilosa e usa ferramentas de empatia justamente para poder praticar o crime. Por isso, é importante que a vítima tenha consciência de que ela não agiu de forma errada. Ela não foi negligente, ela não foi imprudente, de forma alguma. Ela simplesmente é uma vítima de um crime. Por isso, é necessária toda a atenção na hora de fazer qualquer transação bancária.

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