
Representante do Fórum dos Servidores critica fim de direitos, ameaça à estabilidade e intervenção na autonomia dos estados.
Na manifestação externa desta quinta-feira (4), a tribuna da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul foi ocupada pelo Fórum dos Servidores Públicos. Representando o colegiado, Ana Cláudia Gomes, ex-presidente do sindicato dos servidores da Casa e integrante do Cisalms, fez um longo alerta sobre os impactos da PEC 38, conhecida como reforma administrativa.
Desde o início, ela deixou claro que, na avaliação do Fórum, a proposta “não é administrativa, é uma reforma de Estado”. Segundo Ana Cláudia, o texto fragiliza as bases que sustentam o serviço público. Além disso, enfraquece os entes federativos. E, por fim, abre espaço para substituir servidores concursados por vínculos precários, terceirizados e sujeitos a interferências políticas.
Ao rebater o discurso de que “o Brasil tem servidores demais”, a representante lembrou que o país possui menos médicos, professores, fiscais e agentes de segurança por habitante do que nações desenvolvidas. Para ela, essa narrativa interessa a quem pretende reduzir o tamanho do Estado. Também tenta transformar serviços essenciais em mercadoria.
Em tom didático, Ana Cláudia defendeu a estabilidade como proteção ao cidadão. Conforme explicou, a troca constante de equipes a cada eleição transformaria escolas, hospitais e delegacias em espaços sujeitos a ingerência política direta. Isso interromperia políticas públicas e desorganizaria o atendimento. A estabilidade, argumentou, garante continuidade e isenção técnica.
Impactos da PEC 38 no Serviço Público
Além disso, ela mencionou carreiras pouco visíveis, porém estratégicas, como vigilância sanitária, fiscalização ambiental, defesa agropecuária, pesquisa científica e tecnologia estatal. De acordo com o discurso, a PEC 38 desmonta essas trajetórias ao extinguir benefícios por tempo de serviço e licenças. Isso torna a carreira pública menos atrativa e favorece a evasão de profissionais qualificados.
A fala também relacionou o avanço da terceirização ao futuro da previdência e da Cassems. Com menos servidores estatutários contribuindo para o regime próprio e para o plano de saúde, a base financeira dessas estruturas tende a encolher. Assim, cria risco de desequilíbrio no longo prazo.
Outro ponto sensível abordado foi a autonomia dos estados. Ana Cláudia criticou o teto nacionalizado de despesas de gabinetes estaduais, atrelado à Câmara dos Deputados. Na visão dela, isso viola a autonomia federativa. Além disso, engessa parlamentos regionais e concentra poder em Brasília.
Reações e Apoio à Causa dos Servidores
Após o pronunciamento, o deputado professor Rinaldo, proponente da homenagem, destacou seus 40 anos como servidor da Universidade Federal. Ele defendeu a mobilização da bancada federal para alterar o texto em Brasília. A deputada Mara Caseiro reforçou o recado, lembrou sua trajetória como dentista concursada em Deodápolis. Afirmou que a estabilidade protege o servidor de perseguições. Ao mesmo tempo, assegura ao cidadão atendimento contínuo e qualificado.
Ao final, a mensagem do plenário foi de apoio à pauta dos servidores. Também de compromisso em acompanhar, de perto, a tramitação da PEC 38 no Congresso Nacional.
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