Hoje há mais de 10 milhões de pessoas dentro da faixa de renda que os bancos consideram potenciais clientes de contas personalizadas. Em cinco anos, esse número deve dobrar graças ao aumento dos salários e ampliação do emprego com carteira assinada no país, segundo estimativa das instituições ouvidas pelo R7.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) contou mais de 217,7 milhões de contas correntes ou clientes com poupança aberta no país em 2008. Dentre esses, os bancos consideram cliente “premium” aquele com renda maior ou investimentos consideráveis.
Não importa o nome – Prime do Bradesco, Van Gogh do Santander, Premier do HSBC ou Personalité do Itaú Unibanco –, as contas “premium” são restritas a quem tem um bom salário. O mínimo para “ser convidado” a integrar algum desses grupos é ter um salário de R$ 3.500 ou investimentos superiores a R$ 50 mil.
Robert Wieselberg, superintendente do segmento Van Gogh, diz que a ascensão de 30 milhões de trabalhadores para a classe C desde 2005 aponta para um futuro promissor. Sem citar dados específicos sobre o volume de clientes gerenciados frente aos correntistas comuns do Santander, ele diz que a “alta renda vai dobrar”.
– A gente estima que a quantidade de brasileiros que ganha mais de R$ 4 mil vai dobrar até 2015. Desse crescimento, 80% vêm de um grupo de renda inferior, isto é, que subiram de classe. Os outros são os filhos e netos de quem já é rico hoje. Temos 10 milhões na alta renda. Estimamos que isso vá chegar a 20 milhões nos próximos cinco anos.
Serviço diferenciado
Para o diretor do Bradesco Prime Marcos Daré, esse serviço nada mais é do que uma forma de dar atendimento diferenciado do varejo. Ele também não cita números, mas afirma que a base de clientes “premium” do banco “cresceu consideravelmente desde a inauguração em 2003”.
– Esse nicho de clientes corresponde a cerca de 1% da população economicamente ativa no Brasil e possui grande capacidade e propensão de consumo de produtos e serviços financeiros. Isso exige do banco mais qualidade da prestação de serviços, especialmente no atendimento diferenciado, e na consultoria financeira.
O HSBC ampliou neste ano os serviços Premier, que agrega clientes com salário superior a R$ 7.000. O banco diz que seu novo serviço, chamado de Advance, vem para complementar o já existente, abrangendo correntistas com ganhos a partir de R$ 3.500.
Pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgada na semana passada mostrou que a renda do brasileiro cresceu 17,1% entre 2004 e 2008. A grande diferença, segundo o estudo, foi sentida mais entre os trabalhadores com menores salários, enquanto os mais qualificados tiveram queda da renda.
A Pesquisa Observador Brasil 2009, divulgada em março pela financeira Cetelem, apontou que a renda média mensal do brasileiro foi de R$ 1.285. Apesar de as atenções estarem voltadas para um forte crescimento da economia e mais crédito circulando no país, ainda falta um bom caminho até que a média dos salários reais atinja o mínimo para ser “premium”.