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Globo e Record trocam denúncias em horário nobre

As acusações merecem atenção e apuração das autoridades brasileiras

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Desde terça-feira (11/8), as redes de TV Globo e Record expõem em seus principais programas jornalísticos denúncias e acusações mútuas. A Globo enfatiza ação do Ministério Público Federal do Estado de São Paulo contra a cúpula da Igreja Universal. E a Record destaca a histórica e questionável relação da Globo com a ditadura militar instaurada no País em 1964 e com sucessivos governos que lhe favoreceram. Para além da disputa de audiência e de mercado, as acusações merecem atenção e apuração das autoridades brasileiras.

Iniciando a polêmica, o Jornal Nacional veiculou, na terça-feira (11), extensa reportagem com as denúncias do Ministério Público de que o bispo Edir Macedo e outras lideranças da Igreja Universal se beneficiam das doações de fiéis, operam lavagem de dinheiro e investimento irregular de recursos na Rede Record. Para esquentar o clima, foi exposta também a denúncia de formação de quadrilha. E tudo com direito a requentar imagens e denúncias já veiculadas em anos anteriores.

Sem titubear, o Jornal da Record mostrou o histórico de relações da adversária com o poder. Caprichou, também, em denunciar financiamentos do BNDES à Globo apontados como irregulares, registrar casos onde a emissora teria sido favorecida com informações privilegiadas a partir de órgãos públicos, casos marcantes do envolvimento da emissora na manipulação de informações com relação a processos eleitorais e seu objetivo de monopolizar a comunicação no país.

Não faltaram registros de ações judiciais que colocam a Igreja Universal e a Rede Globo no centro do foco, muitas delas inconclusas, paralisadas ou tramitando vagarosamente nos tribunais, ou ainda arquivadas. Não faltaram, tampouco, a mistura de ingredientes de interesses religiosos, econômicos e políticos. Com uma clara pitada de promiscuidade.

Fato é que denúncias antes sustentadas por intelectuais e ativistas políticos e olimpicamente ignoradas ou colocadas em segundo plano pelos grandes veículos de comunicação no País ganharam, em uma semana, a visibilidade social não alcançada durante décadas, inclusive com repercussões no Congresso Nacional. Resta agora saber se tudo o que foi denunciado será meticulosamente investigado ou colocado embaixo do tapete.