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LOCOMOTIVAS DO TRABALHO

Grandes empresas e setor público puxam mercado de trabalho em MS

Cempre 2023 indica que organizações com mais de 250 empregados e administração pública lideram empregos assalariados e massa de remunerações no estado

Vista ampla de uma avenida de Campo Grande com prédios públicos e sedes de grandes empresas, pessoas circulando na rua, simbolizando o mercado de trabalho e a concentração de salários no estado.
Grandes empresas e órgãos públicos concentram a maior parte dos empregos assalariados e dos salários pagos em Mato Grosso do Sul, segundo o Cempre 2023. Foto: Gerada por IA | Adriano Hany

As estatísticas do Cempre 2023 revelam a estrutura do mercado de trabalho formal em Mato Grosso do Sul. Embora a maioria das empresas seja de pequeno porte, grandes organizações e setor público concentram empregos assalariados e salários, sustentando o desempenho estadual em remuneração.

Em 2023, 92,6% das empresas tinham até 9 pessoas; 6,4% empregavam de 10 a 49; 0,7% tinham de 50 a 249. Somente 0,2% das organizações reuniam 250 pessoas ou mais, formando o grupo de maior porte da economia sul-mato-grossense.

Apesar do predomínio das estruturas menores, empresas com 250 pessoas ou mais responderam por 37,49% do pessoal ocupado e 47,7% do pessoal assalariado.

Essas grandes organizações concentraram 66,5% dos salários e outras remunerações e pagaram salário médio mensal de R$ 5.172,06. Já as organizações com até quatro pessoas ocupadas registraram salário médio de R$ 1.655,81, menos de um terço do que as maiores costumam pagar.

Na análise por atividade econômica, comércio e reparação de veículos lideraram o número de empresas, com participação de 32,89% no total. Esse segmento também concentrou 22,7% do pessoal ocupado total e manteve a segunda posição em salários e outras remunerações.

Em remunerações, sua participação subiu de 13,1% em 2022 para 13,5% em 2023, reforçando a importância do comércio na economia estadual.

Análise do Setor Público e Remunerações

Já a Administração pública, defesa e seguridade social liderou o pessoal ocupado assalariado, com 21,0%, e os salários e outras remunerações, com 36,0%. Embora represente apenas 0,75% das organizações, a Administração pública concentra massa salarial aproximada de R$ 10,5 bilhões em Mato Grosso do Sul.

Em 2023, o setor pagou salário médio de R$ 5.784,03, valor 61,1% acima da média geral do estado. Na sequência aparecem Educação, com salário médio de R$ 5.335,18, e Eletricidade e gás, com remuneração média de R$ 5.259,09.

O recorte por natureza jurídica ressalta o peso das entidades empresariais e do setor público na economia sul-mato-grossense.Em 2023, entidades empresariais responderam por 89,3% das organizações, 70,4% do pessoal ocupado total e 71,8% do pessoal assalariado.

Mesmo assim, ficaram em segundo lugar no pagamento de salários, com participação de 43,8% na massa total de remunerações. Os órgãos da administração pública representaram apenas 0,9% das organizações, porém absorveram 22,7% do pessoal ocupado total e 21,3% do pessoal assalariado.

Além disso, lideraram o pagamento de salários, concentrando 50,5% de toda a massa de remunerações do estado.

Disparidades Salariais por Gênero e Natureza Jurídica

As entidades sem fins lucrativos responderam por 10,1% das organizações, 6,6% do pessoal ocupado, 6,9% dos assalariados e 5,7% dos salários.Os dados mostram ainda a influência da natureza jurídica na distribuição de salários entre homens e mulheres.

Na administração pública, salários médios chegaram a R$ 7.236,04 para homens e R$ 5.328,35 para mulheres, rendimento feminino equivalente a 73,6% do masculino.

Nas entidades empresariais, homens receberam em média R$ 2.749,30 e mulheres, R$ 2.105,29, o que corresponde a 76,6% da remuneração masculina.

Já nas entidades sem fins lucrativos, a diferença entre os sexos foi menor: homens receberam R$ 2.832,73 e mulheres, R$ 3.027,66.

Na comparação por escolaridade, entidades sem fins lucrativos registraram a maior diferença relativa entre trabalhadores com e sem nível superior. Nessas organizações, quem não tem diploma recebe R$ 1.940,69, apenas 35,4% dos R$ 7.079,03 que os graduados recebem em média.

Nas entidades empresariais, trabalhadores sem nível superior recebem R$ 2.268,62, o equivalente a 48,7% dos R$ 4.656,51 que quem tem diploma recebe. Paralelamente, o Cempre aponta 128.302 empresas e outras organizações ativas em Mato Grosso do Sul em 2023.

Concentração de Unidades e Impacto no Mercado de Trabalho

O estado possuía 149.595 unidades locais, concentradas principalmente em Campo Grande, com 56.118 unidades, e em Dourados, com 14.937.Nesse contexto, Mato Grosso do Sul somou 981.681 pessoas ocupadas e registrou o 4º maior salário médio do país.

O resultado reflete um mercado de trabalho em que grandes empresas e setor público exercem forte influência sobre salários e empregos.