O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, reafirmou há pouco, em comissão geral na Câmara, que o pânico criado em torno da nova gripe (H1N1) não é benéfico para o País e ressaltou que o ministério está agindo de acordo com as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Temporão ressaltou que a saúde brasileira retardou ao máximo – por 80 dias – a entrada do vírus da gripe no Brasil e esse retardamento é um marco importante. Ele afirmou que, neste segundo momento, com o vírus já circulando em território nacional, o atendimento médico-hospitalar tem recebido atenção do ministério.
Mortes
Segundo os dados apresentados pelo ministro, o Brasil registrou 192 mortes em decorrência da nova gripe, sendo a taxa de mortalidade de 0,09, menor que a taxa de 0,14 dos Estados Unidos. A taxa é elaborada levando-se em conta o número de mortes por 100 mil habitantes.
Temporão criticou a elaboração de rankings que posicionariam o País em relação a outros países no número de mortos. "Essa é uma análise bastante frágil. O número de óbitos deve ser considerado em relação à população", disse.
José Gomes Temporão lembrou ainda que 43% dos pacientes com síndrome respiratória aguda grave causada pelo vírus H1N1 apresentam pelo menos um fator de risco. Entre os pacientes com gripe comum, 39% apresentam pelo menos um fator de risco envolvido.
Encaixam-se no grupo de risco, principalmente, portadores de doenças respiratórias, gestantes, crianças menores de cinco anos, pacientes imunodeprimidos e cardiopatas.
O ministro disse que, do total de óbitos no Brasil, 28 foram de mulheres grávidas. Por outro lado, outras 107 gestantes foram curadas. "Além disso, 30% das gestantes que morreram tinham pelo menos um fator de risco adicional, como hipertensão arterial", observou Temporão.
Oferta do tratamento
O ministro também respondeu a críticas relacionadas à disponibilização do tratamento no País. Segundo ele, até o momento, o Ministério da Saúde entregou aos estados 392.621 kits de tratamento completo. No mesmo período, o Sistema Único de Saúde (SUS) identificou 28 mil casos de todos os tipos de gripe. "É possível atender com folga a demanda."
Até o fim de agosto, o ministério receberá mais 800 mil tratamentos, que estão sendo imediatamente entregues a estados e municípios. "O medicamento é gratuito para todas as pessoas que necessitam", disse.
"Avalio como irresponsável a banalização do uso do medicamento", afirmou ainda o ministro. Ele lembrou que o vírus pode apresentar resistência ao medicamento e que é possível comprar remédios sem receita médica no Brasil.
Medicamento alternativo
Temporão explicou por que o Brasil não está usando o outro medicamento, além do Tamiflu, de combate ao H1N1 – o zanamivir, de nome comercial Relenza. Na época em que os medicamentos foram comprados, o zanamivir não tinha registro no País e agora está sendo guardado de forma estratégica, caso o Tamiflu deixe de ser eficaz. Além disso, o zanamivir é menos prático, pois deve ser aspirado oralmente.
Segundo o ministro, também deixou de fazer sentido o exame de diagnóstico da gripe causada pelo H1N1. "Há dois vírus circulando, os sintomas são semelhantes e o tratamento é o mesmo."
Vacina
José Gomes Temporão informou que o Instituto Butantan produzirá a vacina no Brasil. Para complementar, o País comprará doses de laboratório, uma vez que a produção não será suficiente para atender a demanda.