Ele está há quase dez anos em Três Lagoas. Foi secretário de Finanças na gestão da ex-prefeita Simone Tebet e também na administração da prefeita Márcia Moura. Atualmente, é o secretário de Receita e Assuntos Governamentais. Muitas pessoas, inclusive, comentam que ele é quem tem a “chave do cofre” da prefeitura. Na entrevista especial da semana, o Jornal do Povo conversa com Walmir Marques Arantes, que fala sobre alguns assuntos e se tem influência sobre a Secretaria Municipal de Finanças ou não.
Cidade
?Nossa linha de trabalho fere interesses isolados?
Ele está quase dez anos em Três Lagoas. Foi secretário de Finanças na festão da ex-prefeita Simone Tebet
Jornal do Povo- Quem é Walmir Marques Arantes ?
Walmir Marques Arantes- Sou economista, com pós- graduação em administração agroindustrial na UCDB, Universidade Católica Dom Bosco. Sou oriundo do setor elétrico, onde trabalhei por 26 anos nessa área, posteriormente, em 1994, coordenei a campanha do senador Ramez Tebet, sendo o financeiro de sua campanha. Em 2002, coordenei também a companha financeira de Simone Tebet como candidata a deputada estadual e também da Isabel Fares.
JP- Como foi a iniciativa para o senhor vir para Três Lagoas?
Arantes- Em 2003, quando a Simone foi eleita deputada estadual, fui chefe de gabinete dela. Em 2004, eu e o Eduardo Rocha fomos os que mais batalharam para a Simone sair candidata à prefeita de Três Lagoas, porque entendíamos na época, que a prefeitura é uma universidade, onde se aprende tudo sendo Executivo. Sempre em discussão com a Simone, falava que ela poderia se projetar politicamente muito mais sendo prefeita do que deputada estadual. Batalhei muito para ela ser candidata a prefeita. Quando ela aceitou, em 2004, eu vim ser o coordenador de sua campanha na disputa pela prefeitura de Três Lagoas. Ela venceu a eleição, deixou de ser deputada e me convidou para ser o secretário de Finanças na sua administração. Assim, se deu minha permanência em Três Lagoas até hoje.
JP- Como foi administrar a Secretaria de Finanças de uma cidade tão importante como a de Três Lagoas em um período em que a arrecadação cresceu bastante?
Arantes- Foi um ótimo desafio. Assumimos a secretaria com mais de 100% da receita de um ano comprometida. Administramos a finança por nove anos e deixamos a secretaria com apenas 14% da receita de um ano comprometida. Pegamos uma dívida de 100% e reduzimos para 14%. Reordenamos toda a parte do IPTU, otimizamos a receita do ISS, do ICMS que, inclusive fizemos um trabalho que comprovava o valor arrecadado no município, o que possibilitou a prefeitura receber um valor maior na receita do bolo do ICMS. Fizemos o levantamento de todo o patrimônio do município, o que nos garantiu maior segurança na capitação de recursos junto às instituições financeiras. Na Secretaria de Finanças e Planejamento, elaboramos o Plano de Cargos e Carreiras dos Servidores, o que garante eles serem melhores remunerados, pagamos boa parte das dívidas como precatórios, da iluminação pública que estava pendente com os bancos. Enfim, hoje a prefeitura tem um índice de endividamento de menos de 14% de um ano.
JP- Mesmo com a Simone indo para Campo Grande, o senhor resolveu permanecer em Três Lagoas, porque ?
Arantes- Permaneci a pedido da atual prefeita Márcia Moura, a qual pediu que eu continuasse a frente da Secretaria de Finanças e Planejamento. Permaneci por três anos, depois fui o coordenador da sua campanha na reeleição. Depois que ela foi eleita, me convidou para assumir a Secretaria de Governo que depois foi transformada em Secretaria de Receita e Assuntos Governamentais.
JP- Como o senhor analisa quando algumas pessoas comentam que é o senhor quem manda na prefeitura e continua respondendo pela Secretaria de Finanças?
Arantes- Analiso como normal. Uma vez sendo homem público a maioria dos cidadãos acha no direito de fazer críticas, podem ser construtivas e negativas. Entretanto, os números demostram que estamos no caminho certo. O secretário, seja de Finanças ou Receita, tem que trabalhar com a razão e conforme determina a lei da Responsabilidade Fiscal. Muitas vezes esta linha de trabalho fere interesses isolados, porém essas pessoas fazem críticas, mas não podemos importar, pois temos a obrigação de cumprir a lei.
JP- Então não é o senhor que manda na prefeitura e nem na Secretaria de Finanças?
Arantes- As pessoas sempre reconhecem a minha experiência. Tenho o privilégio de conhecer o melhor caminho da execução financeira de uma prefeitura, que é muito complexo. Tivemos a frente de todo o processo da saúde, ajudando a secretária na implantação de todos os projetos vinculados a finanças, na negociação para a implantação da Gestão Compartilhada com o Hospital Auxiliadora e que foi muito positiva, apresentando um avanço muito grande na área da saúde. Tivemos também a frente da implantação da UPA, negociando equipamentos… Por isso que, às vezes as pessoas acham que eu é quem mando. Isso não é verdade, apenas compartilho o conhecimento que tenho com todas as secretarias. Quem manda na prefeitura é a prefeita Márcia Moura, eu apenas sigo as diretrizes estabelecidas por ela e propomos ações em conjunto. Não sou secretário de Finanças também, as pessoas com menos tempo de execução financeira sempre me perguntam o que acho de uma situação, então dou minha opinião.
JP- Como o senhor analisa uma ação que foi proposta no Ministério Público conhecida como caso das Marmitex, contra o senhor e outras pessoas ?
Arantes- Eu atribuo isso a uma falha na Lei 8.666, a Lei de Licitação que nos traz muitas dúvidas. Se a gente é eficiente pode ser penalizado, se deixa de ser pode ser também. É uma lei que nos traz muita insegurança jurídica, mas tudo o que foi executado no período em que eu fui secretário de Finanças tem argumentos e, estamos comprovando e vamos comprovar que nada possui dolo, tudo foi feito com lisura total. Essa lei causa tanta insegurança jurídica que até os conselheiros dos Tribunais de Contas têm entendimentos diversos.
JP- O senhor é o homem de confiança do deputado estadual Eduardo Rocha e da vice-governadora Simone Tebet?
Arantes- Me sinto um cidadão que tenho respeito e gratidão por eles e eles por mim. Tudo o que propuseram que eu fizesse, fiz, dentro de regras claras e definidas.
JP- O senhor tem pretensões futuras?
Arantes- Minha pretensão sempre foi do lado técnico, nunca tive pretensões políticas. Iniciei a minha carreira como auxiliar de escritório e já até entreguei conta de energia. Então, sempre optei por ser técnico e não político.
JP- Existe a possibilidade de o senhor ir embora de Três Lagoas, caso a vice-governadora Simone Tebet seja eleita senadora?
Arantes- Sou um técnico que precisa trabalhar. Estou à disposição da prefeita, caso a Simone ou o Eduardo precisem estou à disposição, assim como das pessoas que julgam que os meus serviços contribuem com as suas propostas.
JP- Como o senhor analisa as críticas que algumas pessoas fazem a administração da prefeita Márcia Moura ?
Arantes- A Márcia está fazendo uma excelente administração, basta levantar a quantidade de obras que a prefeita está realizando na cidade, que está com suas ruas limpas, etc. A prefeitura trabalha com limite de gastos, e o que sobra do custeio da máquina vai para se fazer investimentos. A administração da prefeita Márcia Moura está boa sim.
JP- Para finalizarmos, qual o recado que o senhor gostaria de passar a mais?
Arantes- Faço um apelo para que nossos deputados, assim como o próximo presidente da República, sejam mais municipalistas, pois as prefeituras necessitam de mais dinheiro.