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Sem Copa, Ronaldinho diminui propagandas

O contrato com a empresa de refrigerante Pepsi, por exemplo, encerrou no último ano e não foi renovado

Refrigerante, sabão em pó, iogurte, chuteira, telefone celular, posto de gasolina, picolé, desodorante, chiclete e banco. Produtos tão diferentes tiveram algo em comum em 2006: um contrato com Ronaldinho Gaúcho, que arrebentava no Barcelona e despontava como a principal aposta brasileira para vencer a Copa do Mundo.

Hoje a história é diferente. Após anos em baixa, Ronaldinho corre para brilhar no Milan e convencer Dunga a levá-lo ao Mundial da África do Sul. Como garoto-propaganda, outro baque. Das 10 marcas que usavam sua imagem em 2006, apenas uma, a Nike, ainda o mantém sob contrato.

Mas, se ficar fora de uma Copa é uma frustração para qualquer jogador, não estar no maior holofote do esporte não deve, no caso de Ronaldinho, arranhar sua imagem de “vendedor de produtos”. É o que dizem publicitários e especialistas em marketing consultados pelo iG. Não ter seu nome vinculado ao Mundial, no entanto, privará Ronaldinho de ganhar mais alguns milhões de euros. “É claro que ele acaba perdendo oportunidades. As empresas querem quem está em evidência”, afirmou o publicitário Luiz Sanchez.

O contrato com a empresa de refrigerante Pepsi, por exemplo, encerrou no último ano e não foi renovado. A gigante norte-americana, que tem sua maior rival, a Coca-Cola, como patrocinadora oficial da Copa do Mundo, contará em seus comercias com Kaká, Messi, Fernando Torres, Henry e Drogba. Todos garantidos no Mundial da África do Sul, o que não ocorre com Ronaldinho.

Situações como essa ainda estão longe de abalar os vencimentos do brasileiro. Segundo a revista “France Football”, considerada uma espécie de bíblia do futebol, Ronaldinho foi o terceiro jogador mais bem pago do mundo em 2009.

Entre salários e publicidade, ganhou 19 milhões de euros, atrás apenas do argentino Lionel Messi e do inglês David Beckham. A maior parte desse valor veio justamente do uso de sua imagem para a venda de produtos. De cada três euros que entram na conta do meia-atacante, dois vem de contratos publicitários.

 Nike segue “fiel”

E o trabalho no Milan para recuperar o espaço perdido na seleção ainda está longe de refletir fora de campo. Em 2006, a agência de pesquisa em marketing BBDO apontou que a imagem do craque valia 47 milhões de euros, o que fazia de Ronaldinho o jogador mais valioso do mundo. Com os altos e baixos do craque, apenas a Nike, que patrocina o brasileiro há mais de 10 anos, seguiu “fiel”.

“Hoje, ele não é só um atleta que usa os nossos produtos”, explicou Tiago Pinto, diretor de marketing da Nike no Brasil. “Temos uma marca própria do Ronaldinho. Claro que a Copa do Mundo é muito importante e estamos vendo com bons olhos a recuperação dele no Milan. Mas temos uma série de trabalhos juntos que são realizados independentemente dele estar ou não na seleção brasileira”, completou.

É bem verdade, também, que outras empresas passaram a usar a imagem do Gaúcho após a Mundial da Alemanha. É o caso da indústria japonesa de tecnologia Konika Minolta e da norte-americana Nutrilate. Desde 2008, Ronaldinho faz comerciais para a maior fabricante mundial de suplementos nutricionais. A propaganda do jogador fazendo malabarismos com a bola, vestido com uma camisa verde, foi a única veiculada na televisão nos últimos meses.

Negócios de família

Empresário e irmão do meia-atacante, Roberto de Assis Moreira nega que a diminuição no número de aparições em comerciais tenha a ver com a ausência nas convocações da seleção brasileira. Desde abril de 2009, na vitória sobre o Peru pelas eliminatórias, Dunga não o chama.

“O Mundial sempre motiva as empresas a se associarem ao futebol, mas o Ronaldo já tem uma marca consolidada. Se ele ficar fora, isso não vai ter efeito prático para as nossas empresas”, afirmou Assis.

No início da carreira do irmão, Assis era “apenas” o agente de Ronaldinho e cuidava dos contratos. Hoje é o presidente do Assis Moreira Group, uma holding que, além da gestão da carreira e do uso da imagem do meia-atacante, administra outras quatro empresas. Negócios que vão desde um clube da primeira divisão do Campeonato Gaúcho a uma produtora musical. Nos próximos meses, o grupo pretende lançar uma agência de turismo e uma casa de espetáculos. Desde 2006, a família investe também em ações sociais, no Instituto Ronaldinho Gaúcho, que atende 600 crianças em Porto Alegre. Os números da empresa não são divulgados.