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Três Lagoas

Abrigo Poço Jacó:

Casa recupera esperança de quem sonha em ter dias melhores

O vazio de quem imagina encontrar ou voltar à família -
O vazio de quem imagina encontrar ou voltar à família -

Recentemente a história da procuradora Vera Lúcia Sant’Anna Gomes – acusada de torturar uma menina de 2 anos que estava sob guarda para adoção – invadiu os noticiários brasileiros. Este pode ser o retrato dos milhares de casos que acontecem no país, mas que são apagados, esquecidos ou ainda não chegam ao conhecimento de todos. Histórias como estas se repetem todos os dias, em qualquer parte, inclusive em Três Lagoas. Crianças vítimas de maus tratos ou abuso sexual são encaminhadas para o Abrigo Poço Jacó. Lá podem permanecer no máximo dois anos – tempo utilizado para restabelecer a volta à família ou encontrar uma adotiva.

Há 84 anos, Maria Guilhermina Esteves começou um trabalho que perduraria por muito tempo. Foi mãe de coração, sem filhos biológicos. Fundou em 1926 o então Asilo Poço de Jacó para abrigar crianças carentes e sem um lar. Há um ano e meio o abrigo passou a ser de responsabilidade da Administração Municipal.

De acordo com a diretora do departamento de Assistência Social, Cristina Martins Gonçalves, são atendidas pelo abrigo crianças de 0 a 18 anos. Ela explica que as crianças e adolescentes são encaminhadas pelo Conselho Tutelar com autorização do Ministério Público. “Temos toda a infraestrutura para receber estas crianças.

São 23 educadores sociais, entre eles psicóloga, assistente social, pedagogos, entre outros”.

O abrigo é mantido com repasse mensal de R$ 3,3 mil vindos do Estado, R$ 1,4 da União e o restante do Município. “A prefeitura é responsável pela alimentação, transporte e funcionários”, enfatiza.

DIREÇÃO

Gina Marta Sales Barbosa, é coordenadora geral e guardiã, ela quem faz o papel da mãe que muitas crianças não tiveram. “Se ser mãe de três, quatro crianças já é difícil; imagina de 35, 40. É um desafio constante, fazemos de tudo. Levamos ao médico, acompanhamos a tarefa, tentamos suprir as carências, mas não conseguimos substituir”.

Ela enfatiza que há muito trabalho a ser feito, principalmente quando as crianças chegam a casa. “Elas vêm de fora. Chegam aqui mal tratadas, judiadas e precisam de uma acolhida. Procuramos suprir dando o melhor de nós. Procuramos fazer o papel de mãe, educando e cuidando dessas crianças”.

A coordenadora também fala da ausência quando as crianças saem do lar. “Fica um vazio. Mas ficamos felizes em saber que elas retornam para o seio familiar. Uma mãe pode dar mais para um filho do que nos podemos dar a todos eles”.

A CASA

Uma casa grande, com vários quartos, salas amplas, banheiros e muitos brinquedos. As paredes claras e a organização, além dos bilhetes lembram que ali há regras a serem cumpridas e carinho e respeito a serem compartilhados.

Vídeo game, filmes, jogos e brinquedos denotam que no lar vivem muitas crianças – no total 33, sendo 14 meninas e 19 meninos. Eles tem uma tabela de tarefas, entre elas dormir às 21h30 e acordar às 5h10. Vídeo game é brincadeira apenas nos finais de semana e feriados. “Aqui eles têm aulas de boas maneiras. Arrumam os quartos, tem horário para acordar e dormir. Todo mundo cumpre sem reclamar”.

A casa esta recebendo a construção de mais quatro quartos, banheiros, e uma sala grande onde será instalada a gibiteca, videoteca e brinquedoteca”. Os meninos e meninas que convivem, mas moram em casas separadas.

ADOÇÃO

A Promotora de Justiça de Três Lagoas, Ana Cristina Carneiros Dias, explica que nem todas as crianças e adolescentes que estão na casa vão para a adoção, antes desse processo a equipe de psicólogos tenta reinseri-los novamente na família. “Buscamos atuar sobre os problemas das famílias, geralmente estão relacionados ao alcoolismo. Em pouco tempo conseguimos saber se essa conduta pode ser mudada ou não. Nossa intenção é tirar o mais rápido possível essas crianças do abrigo. É possível que a família se reerga e a criança posse retornar”.

Apenas no ano passado, 19 crianças foram adotada legalmente no Abrigo. A promotora enfatiza que este é um numero expressivo, já que em 2005 apenas uma adoção legal foi realizada. “


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