Em meio à onda de pequenos roubos que ocorrem em Três Lagoas, um livro que detalha o pensamento e a estratégia adotada pela maioria dos criminosos neste tipo de assalto pode ser de grande valia. Escrito pelo coronel Roberson Luiz Bondaruk, da Polícia Militar do Paraná com o título "A prevenção do crime através desenho urbana", o livro dá dicas interessantes de segurança, que muitas vezes passam despercebidas pela população, mas são importantes para inibir a ação de marginais e contribuir com a segurança pública.
Em março de 2005, o coronel Bondaruk coordenou um levantamento que durou até março de 2007, no qual foram pesquisadas as casas com maior número de furtos e roubos, as lojas mais assaltadas e as ruas e praças mais vulneráveis. Cerca de 290 presos que cumpriam penas por crimes contra o patrimônio foram ouvidos. Com apoio de psicólogas e assistentes sociais, constatou-se que as estratégias da arquitetura e do design contra o crime eram altamente interessantes para a segurança também de outros municípios brasileiros.
Três estratégias centrais pautam as ações preventivas na área do desenho urbano, relacionadas ao crime, segundo o coronel: vigilância natural, controle de acessos e reforço territorial. Uma das condições mais importantes nesse contexto, informada pelos próprios criminosos, é de que a sensação de vigilância é um dos aspectos inibidores de uma prática que atente contra alguém.
O coronel faz uma comparação com a máxima “cliente satisfeito sempre volta”, e garante que este sentido também é válido para o bandido. Por isso, toda ajuda possível à prevenção e segurança deve ser empregada. O crime é uma tendência do ser humano. Pesquisas feitas nos Estados Unidos mostram que: 30% das pessoas vão cometer crimes sempre, 30% quando puderem e 40% jamais.
As mesmas pesquisas apontam que 71% dos criminosos entrevistados afirmaram preferir assaltar casas cercadas por muros, pois segundo eles conseguem se aproximar sem serem vistos, e depois que estão dentro da residência podem agir com mais tranqüilidade, pois vizinhos e passantes não percebem o que acontece por detrás dos muros.
O livro sugere que as árvores com densidade de copa muito alta, reduzem a visibilidade e a iluminação; a poda de galhos baixos acima de dois metros evita a redução da visibilidade e depredações das árvores; e árvores que possuem galhos fortes que possam dar acesso a sacadas ou facilitem a transposição de muros e grades, precisam ser podadas.
A lição de casa é não viver isolado. “Tudo o que um criminoso quer são pessoas vivendo isoladas e alheias ao que ocorre no entorno. Tudo que promova o isolamento das pessoas, seja no seu comportamento, seja no desenho urbano, precisa ser alterado para que nós tenhamos cidades naturalmente mais seguras”, assegurou o coronel.