O projeto rodoviário conhecido como Rota da Celulose, que vai ligar regiões estratégicas de Mato Grosso do Sul e movimentar mais de R$ 6 bilhões em investimentos ao longo de três décadas, teve uma reviravolta nesta terça-feira (5). O governo estadual, por meio da Comissão Especial de Licitação, decidiu desclassificar o Consórcio K&G Rota da Celulose, que havia vencido o leilão realizado em maio, e convocou o segundo colocado para dar continuidade ao processo.
A medida foi tomada após análise de recurso apresentado pelo Consórcio Caminhos da Celulose, liderado pela XP Investimentos, que questionou a documentação do grupo vencedor. A principal irregularidade apontada foi a situação da empresa K-Infra, integrante do consórcio K&G, que teve recentemente o contrato da BR-393, no Rio de Janeiro, cassado pelo Governo Federal por descumprimentos contratuais, inadimplência e falhas operacionais na manutenção da rodovia.
Com a cassação, a K-Infra perdeu a principal comprovação de capacidade técnica para assumir a concessão sul-mato-grossense, o que comprometeu a permanência do grupo no certame. A Comissão de Licitação apontou vícios na documentação entregue e, com isso, declarou a inabilitação oficial do consórcio.
No leilão, o K&G havia apresentado a proposta mais agressiva em termos financeiros, com desconto de 9 por cento na tarifa máxima do pedágio e um aporte de mais de 217 milhões de reais. A proposta superou as ofertas de outros três grupos, entre eles o próprio Caminhos da Celulose, que ofereceu desconto de 8 por cento e um investimento inicial de 195 milhões de reais.
Com a decisão publicada nesta terça, o Consórcio Caminhos da Celulose foi chamado para apresentar os documentos de habilitação na próxima etapa. A sessão está marcada para o dia 13 de agosto na sede da B3, em São Paulo.
Caso seja considerado apto, o consórcio liderado pela XP Investimentos assumirá a concessão dos trechos que formam a Rota da Celulose, incluindo as rodovias estaduais MS-040, MS-338 e MS-395, além das BRs 262 e 267.
Ainda conforme o comunicado da Comissão Especial de Licitação, abre-se o prazo de três dias úteis para interposição de recursos contra a decisão. Se não houver contestação ou mudança no parecer, a concessão será oficialmente repassada ao segundo colocado.
O projeto prevê a duplicação de trechos, manutenção constante e melhorias ao longo de trinta anos, com custo operacional estimado em mais de R$ 3 bilhões . A Rota da Celulose é considerada estratégica para o escoamento da produção florestal e industrial de Mato Grosso do Sul, com impacto direto no setor de papel, celulose e biomassa.