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Três Lagoas

DAM já registrou mais de 20 estupros neste ano

O número supera o registrado em todo o ano de 2011. A maioria dos suspeitos já foi presa

Letícia Mobis, delegada titular da DAM -
Letícia Mobis, delegada titular da DAM -

Somente no primeiro trimestre deste ano, a Delegacia de Atendimento à Mulher de Três Lagoas já registrou 10 casos de estupro no município. Os números indicam um aumento significativo se comparado a 2011, quando, durante os doze meses do ano, foram registrados 14 tipos desta natureza. Além disto, o índice de estupro de vulneráveis (envolvendo crianças e adolescentes com menos de 14 anos) também está aumentando. De janeiro até ontem, foram 12 casos registrados. Enquanto que no mesmo período do ano passado, apenas três casos chegaram ao conhecimento da polícia.

De acordo com a delegada responsável pela DAM, Letícia Mobis, não existe uma explicação pelo aumento, mas uma preocupação. “Isso mostra que as mulheres precisam ficar mais atentas e devem observar qualquer suspeita de perseguição ou até um olhar diferente. Nesses casos, a polícia deve ser comunicada imediatamente”, alertou.

Ela disse ainda que um dos casos que mais ganhou repercussão no município foi o de uma funcionária pública que foi raptada e estuprada quando saía de um supermercado, no mês passado. O caso mais recente, ocorrido no último domingo, também chocou moradores do Jardim Brasília. Uma mulher foi violentada pelo próprio vizinho. “Quase todos os suspeitos foram presos. Apenas um ainda não foi detido, mas já foi identificado e está sendo investigado”, disse.

Além de sofrer a agressão sexual, as mulheres sofrem com os problemas psicológicos. Segundo Letícia, elas chegam à delegacia em estado de choque. Em alguns casos, mal conseguem relatar o drama vivenciado. A delegada explicou que, após serem ouvidas, as vítimas são encaminhadas ao Centro de Referência e Atendimento à Mulher em Situação de Violência, onde recebem atendimento psicossocial. Além desse atendimento, elas são levadas ao programa DST/AIDS para serem medicadas. “As vítimas tomam um coquetel contra a AIDS”, disse.

ADOLESCENTES
Os criminosos que estupram mulheres adultas podem ou não estar próximas da vítima. Entretanto, a maioria dos casos que envolvem crianças e adolescentes tem com principal suspeito o próprio pai, padastro ou alguém muito próximo da família. Segundo Letícia, é importante que os familiares fiquem atentos a qualquer tipo de excesso por parte dos maridos, irmãos, entre outros. Ela contou que esses criminosos costumam mostrar certo ciúme pela vítima e a tratam de maneira diferente. “Cuidado é uma coisa, abuso é outra. É possível perceber quando o carinho não é apenas um carinho”, disse.

Letícia destacou que esses casos acabam sendo um pouco mais delicados. Isso ocorre porque as vítimas dificilmente têm coragem de se expor a alguém. “Elas sentem medo e até culpa. Inconscientemente, querem proteger o agressor”, contou. A delegada disse ainda que, geralmente, esses casos vêm à tona quando elas acabam confessando o drama vivenciado para alguma amiga.

As vítimas menores de idade são encaminhadas ao Centro de Atendimento de Referência Especializado da Assistência Social (Creas), onde são acompanhados por psicólogos.

CONDENAÇÃO
Tanto quem comete o estupro ou o estupro de vulnerável podem pegar de 8 a 15 anos de prisão. Entretanto, segundo Letícia, a condenação vai depender de cada suspeito. “Se ele for reincidente, a pena pode ser a máxima”, completou.