Direito sistêmico é uma metodologia onde as relações jurídicas são analisadas sob a ótica da teoria das constelações familiares. Nessa prática, instituída no Brasil pelo juiz Sami Storch, da Bahia, considera as partes envolvidas em conflito como sendo membros do mesmo sistema. Contudo, a teoria considera que essas partes também são envolvidas com outros sistemas simultâneos, como família, categoria profissional, etnia, religião, etc. O objetivo é buscar a resolução de problemas e trazer equilíbrio.
Em artigo publicado por Storch, ele explica que há temas que aparecem com frequência, como lidar com os filhos na separação, causas e soluções para violência doméstica, questões relativas à guarda e alienação parental, além de vícios e outras questões.
Para entender mais sobre o assunto, a jornalista Danielly Escher conversou com a defensora pública, Jamile Gonçalves Serra Azul.
A promotora explica que o tema vem ganhando espaço nos últimos anos após aparecer na mídia. Jamile conta que a ação funciona da seguinte forma: a pessoa procura um especialista e leva a situação. “Com a constelação familiar, a pessoa procura um terapeuta, uma pessoa que fez a formação e ela coloca um problema”. Confira a íntegra.
O que é Constelação Familiar?
A Constelação Familiar é uma abordagem desenvolvida pelo terapeuta alemão Bert Hellinger e ele notou que existe algumas leis que vigoram em todos relacionamentos, tendo as pessoas ciência ou não. Um juiz de Salvador, na Bahia, [Sami Storch] adotou essas práticas no Tribunal e, a partir daí, conseguiu ter 100% de acordo em processos judiciais que ele iria julgar. As próprias partes passaram a entender a melhor forma de resolver o conflito sem o Poder Judiciário.
Como funciona e de que forma podemos trazer esta informação para saber como é feito o sistema?
Com a constelação familiar ela coloca um problema. Seja dinheiro, divórcio e, a partir daí, são escolhidas pessoas bonecos ou âncoras. O [juiz] Sami, faz no júri. Ele chama as partes de vários processos no auditório. Daí ele explica as ordens do Amor, o que é pertencimento, equilíbrio, sentimentos. Depois, pergunta se tem alguém que queira colocar uma situação. Se for divórcio, por exemplo, você escolhe uma pessoa para te representar, ela vai até ao palco e te representa. Outra pessoa vai representar, por exemplo, o marido, o filho, daquela que quer o divórcio. Em algumas vezes não precisa todo mundo [ser representado]. Somente a pessoa e o processo entram em ação.
Existe uma informação biológica que temos com nossos membros da família, uma ligação forte a que estamos conectados. Quem está representando, no caso da ação, vai para frente e para trás. E, a partir do movimento, o terapeuta sugere o que falar.
Quais os impactos desse trabalho?
Hoje, por exemplo, na comarca de Corumbá, tenho realizado as oficinas das famílias. Então, todas as partes que procuraram a vara da família, realizamos um conversa prévia, de forma online. Nessa conversa eu vou trabalhar as ordens do amor, a questão de você excluir um genitor. Por exemplo, as vezes você tem uma medida protetiva e ela é a favor de você e contra o genitor. E aí, você vai e afasta o filho do pai. Então, a gente conversa sobre esse processo de exclusão e como isso gera danos na criança, assim como a alienação parental. Tudo isso vai ao encontro às ordens do amor. A primeira ordem é o pertencimento. Então, quando afastamos um genitor, afasta um pai de um filho, estamos excluindo 50% do nosso filho. Estamos dizendo que 50% do nosso filho “não presta”. Então, a partir dessa conversa, percebemos que as pessoas são encaminhadas para o procedimento jurídico e elas já vão com outra mentalidade.