A rejeição a Tite cresce a cada dia no Parque São Jorge. E a saída parece inevitável. Recebendo pressão de todos os lados por uma troca de comando, até de pessoas próximas, o presidente Andrés Sanchez e os dirigentes do departamento de futebol resolveram dar um voto de confiança ao trabalho do técnico.
Nesta segunda-feira, Tite se reuniu com Andrés e os diretores Roberto Andrade, Edu Gaspar e Duílio Monteiro Alves para fazer um balanço do primeiro turno e projetar o segundo. O encontro já é corriqueiro com o presidente, mas contou com a presença dos dirigentes para mostrar ao treinador que ele "ainda" segue prestigiado pela cúpula corintiana.
"A culpa é nossa, do elenco, do treinador, de todo mundo", diz Duílio, evitando apontar um responsável pela queda de rendimento, com só nove dos últimos 27 pontos somados. "Não tem nada de trocar de comando, vamos retomar a boa fase e recuperar o caminho das vitórias. Confiamos no grupo, é apenas questão de ajustar, achar os erros."
Tite está garantido diante do Grêmio, nesta quarta, no Pacaembu. Não sabe, porém, se dirige a equipe contra o Coritiba, domingo. A pressão sobre Andrés cresce a cada minuto. "A pressão é muito grande, muito mesmo", afirma pessoa próxima ao presidente.
A ordem é mexer com o emocional do presidente. São várias as mensagens diárias, com maior frequência nas últimas duas semanas. O tom é sempre o mesmo. "Não dá mais para ficar com Tite." Alguns dizem que será outro título brasileiro bem encaminhado a ser jogado pelo ralo, como já ocorreu em 2010, o que não seria bom para o último ano de mandato como presidente.
Andrés se defende. Não quer repetir 2005, quando demitiu Márcio Bittencourt com o time na liderança para trazer Antônio Lopes, apesar de sair campeão. Sua justificativa, agora, é a de que não há um nome forte no mercado. Seus sonhos de consumo seriam Ney Franco, que tem contrato com a CBF, e Muricy Ramalho, no Santos. Apenas Abel Braga, do Fluminense, seria capaz de fazê-lo mudar de ideia. No mais, acha que o time não cresceria com quem está no mercado, casos de Emerson Leão, o próprio Lopes, Falcão, Alexandre Gallo…
DESGASTE
Andrés sofreu muito para demitir Adilson Batista no ano passado, após oito jogos sem vitória. Disse para seus aliados que faria de tudo para não mudar novamente o comando. Foi atrás de Tite por confiar no seu trabalho e por ter uma "dívida de gratidão com o técnico". Já o bancou após a queda na pré-Libertadores e aparece novamente como escudo."
"Estamos trabalhando 24 horas para fazer a equipe voltar a vencer. Temos de ver que nesses nove jogos de aproveitamento baixo, em muitos jogamos bem e merecíamos melhor resultado", observa Duílio. "Volto a dizer, nosso grupo é forte e o Tite já mostrou sua capacidade."
A diretoria confia em volta por cima e descarta buscar reforços na Série B. Tite, respaldado, inicia série na qual o time mais brilhou para reencontrar a paz. "Técnico é a primeira vidraça e tem de saber suportar. Tenho de ouvir, ter a responsabilidade de responder e continuar o trabalho."