No Dia Nacional de Luta Contra o Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, o dia 18 de Maio – data instituída em 1973, por conta do crime cometido contra Araceli Cabrera Crespo, menina de oito anos, estuprada e morta por jovens de classe média, em Vitória (ES) – tem um motivo para comemorar: o maior envolvimento da população no combate aos crimes sexuais contra crianças e adolescentes.
Conforme dados da Central de Notícias dos Direitos da Criança e do Adolescente, de maio de 2009 a abril de 2010, o Disque 100 – serviço que recebe, encaminha e monitora denúncias de violência contra crianças e adolescentes em todos os estados brasileiros – registrou 19.340 denúncias contra violência sexual em todo o Brasil, o equivalente a 56 denúncias ao dia por todo o território nacional. No entanto, a instituição afirma que ainda há muito o que se fazer. A estimativa é que, para cada caso registrado, outros dez aconteçam sem serem descobertos.
Da mesma opinião, divide a coordenadora do Conselho Tutelar de Três Lagoas, Miriam Monteiro Herrera Hamed. De acordo com ela, hoje, mais de 50% dos crimes contra a criança e o adolescente que chegam à instituição partem de denúncias anônimas. “A população está atuando junto com o Conselho. Recebemos mais de dez denúncias por dia. Isto fora as chamadas que são realizadas à noite, pelo celular de plantão. Mas a população pode ajudar ainda mais. Quanto maior for o número de denúncias, mais eficaz será a luta contra estes crimes”, destacou.
A conselheira explicou que a maioria das denúncias é referente a maus tratos, mas casos de abuso sexual e estupro também assustam, tanto pela gravidade, quanto pelo crescimento dos índices em Três Lagoas. Por semana, até cinco novos casos chegam ao conhecimento dos conselheiros tutelares. Destes, ao menos um é concreto. “O que não quer dizer que o restante é inverídico, mas sim, que ainda não foi comprovado e permanece em investigação”.
De 1999 até hoje, o Conselho Tutelar atendeu nada menos que 10.251 crimes contra a criança e o adolescente. O número corresponde a uma média de mil crimes ao ano.
VILÕES
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Os crimes sexuais contra crianças e adolescentes, na maioria das vezes, acontecem no ambiente familiar – em 80% dos casos o autor tem ligação de parentesco com a vítima. Porém, se antes os autores eram tios, primos, padrastos.
Agora são os pais, os maiores vilões, como explica Miriam: “A maioria das vítimas são meninas, independente da idade e, o que temos visto nos últimos casos, é que é o pai biológico que está estuprando, como aconteceu no bairro Jupiá”.
O caso citado por Miriam está sendo investigado pelo Conselho Tutelar e Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) há mais de dois meses e causou revolta na população. O pai, um pescador profissional, é acusado de estuprar as duas filhas.
A mais velha, de 16 anos, vinha sofrendo abusos desde os oito anos de idade. O acusado já está com a prisão preventiva decretada, mas permanece foragido.
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