A alta rotatividade de mão de obra tem afetado a qualidade dos serviços de bares, restaurantes e lanchonetes de Três lagoas. Uma das alternativas dos proprietários desses estabelecimentos é colocar a própria família para atender a clientela e minimizar os prejuízos, já que o movimento tem sido cada vez mais intenso devido ao crescimento da cidade. “Desde a época em que montei um restaurante, há três anos, já contratei 60 pessoas. O funcionário mais antigo tem seis meses de casa”, disse o proprietário da franquia Tempero Manero, Manoel Kanisky. Ele contou que o número de contratados poderia ser ainda maior, pois muitos nem sequer ficaram o tempo suficiente para concluir o registro em carteira e não constam da relação de contratações feitas desde a inauguração do restaurante. Segundo ele, alguns permanecerem apenas por poucos dias, ou até mesmo algumas horas no estabelecimento. “Já houve desistentes que sequer voltaram para receber os dias trabalhados”, disse.
No restaurante Fogão de Lenha, a proprietária foi parar na cozinha, e o seu esposo na montagem de embalagens para marmitas. Quando necessário, eles vão ao salão atender às mesas. Isso tudo, pela falta de mão de obra. De acordo com Márcio Garcia, que montou o restaurante há três anos, o sofrimento dos poucos funcionários que permanecem no emprego não se resume apenas no acúmulo de funções, e sim no desgaste físico e mental. “Fica cansativo para todos. Mas ainda que o número de profissionais seja reduzido não podemos deixar refletir no atendimento do cliente. Ele deve ser bem tratado sempre”, disse.
Para Ricardo Aparecido do Nascimento, proprietário do Restaurante do Kadu, o que mais dificulta a permanência dos funcionários em bares, restaurantes e lanchonetes é a grande oferta de empregos oferecidos pelas fábricas e indústrias do município. “Elas oferecem horários mais flexíveis. Nos restaurantes, por exemplo, o funcionário dificilmente vai ter folga nos sábados, domingos e feriados, pois esses dias são considerados os melhores para o setor”, disse Kadu, como é conhecido. Ele destacou que trabalha no ramo há 11 anos. Há seis anos era possível trabalhar com escala de funcionários e o desgaste era menor. “Hoje, eu não tenho funcionários suficientes para trabalhar neste esquema”, disse, ressaltando que precisa de mais garçons, porém não consegue interessados nas vagas.