Doriani de Castro David Martins foi a fundadora da DAM em Três Lagoas na década de 80. Passados mais de 20 anos, a ex-delegada, que atualmente é empresária, falou sobre seu trabalho, antes de a lei Maria da Penha ser criada. Ela contou que antigamente as mulheres tinham medo de expor a violência que sofriam. Na maioria das vezes o medo se resumia em vergonha da vizinhança ou da própria sociedade. O acesso a informação segundo ela, direcionada exclusivamente ao público feminino, era bastante limitado, o que dificultava o trabalho da polícia.
Sem precisar números, Doriani disse que a violência doméstica já existia na época em que foi delegada, porém não havia uma lei que protegesse a mulher. A maioria dos casos que ela atendia era de ameaça, lesão corporal (espancamento) e estupro. Destes crimes, apenas o estupro levava, com mais rapidez, o acusado para a cadeia. Ela explicou que para encorajar as mulheres a denunciar era necessário realizar inúmeras campanhas de conscientização nos bairros. A mulher por si só não chegava à delegacia. “A mulher era bastante retraída e dificilmente tinha coragem de expor seu drama, lembrou dando destaque que antigamente o agressor não dava muito valor as ocorrências feitas pelas suas vítimas, “pois ele sabia que precisaria muito para que ele fosse preso”.
EVOLUÇÃO
Na opinião de Doriani, hoje a mulher conquistou seu espaço não apenas no mercado de trabalho, mas também na Justiça. “Ela resgata, a cada dia, sua integridade moral, o que não acontecia antigamente, época em que ela era vista apenas como mãe e dona-de-casa”, disse.