Depois de oito anos suspensos, a entidade “Amor Exigente” volta a funcionar em Três Lagoas. O programa, composto de membros anônimos, visa oferecer apoio aos familiares de vítimas da dependência química.
De acordo com Márcia Regina Milanês, que está à frente do processo de reabertura, o desejo de retomar a entidade – fechada há tanto tempo – veio de ajuda recebida no passado. Márcia foi uma das muitas mães que receberam o apoio do Amor Exigente quando esse existia no município. “Há sete ou oito anos, lutei ao lado do meu filho contra o crack. Ele venceu. Há cinco anos ele está livre do vício, está trabalhando, casou-se e teve filhos. O que eu pretendo fazer é por amor ao sentimento das famílias que passam por isso. Eu sei o que elas passaram ou ainda passam”, disse. O filho de Márcia tinha apenas 15 anos quando se envolveu com as drogas.
Os primeiros passos para a reativação do programa foram dados no fim do ano passado. Em outubro, Márcia participou de uma capacitação sobre o assunto na cidade de Campinas (SP).
Em janeiro, o que era apenas uma vontade tomou forma: o projeto conseguiu oito voluntários e passou a contar com o apoio da Secretaria Municipal de Assistência Social, como explicou Márcia: “O Amor Exigente é registrado como uma Associação, com CNPJ para podermos buscar apoio da comunidade e também parcerias para capacitar os voluntários”, explicou.
O programa entrou em funcionamento no mês de janeiro. “Por enquanto, apenas uma pequena quantidade de pessoas está participando das reuniões. Mas acredito que assim que começarmos a divulgação, este número vai crescer. Hoje, muitos pais passam por isso e não têm com quem falar a respeito”, disse.
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PRINCÍPIOS
Conforme Márcia, o programa é de ajuda mútua. Participando dele, os integrantes conversam e trocam experiências entre si e com os voluntários. No caso de Três Lagoas, eles acontecem no Lions Clube, às quartas-feiras, a partir das 19 horas.
“Ao todo, são trabalhados 12 princípios. Um por mês. Entre eles estão temas como ‘pais também são gente’, ‘amor’ (12º princípio) e ‘culpa’ (5º princípio). Os temas são os mesmos trabalhados nos 527 grupos de todo o Brasil”, disse.
Engana-se quem pensa que o grupo de apoio é destinado apenas aos pais de dependentes químicos. Os participantes são divididos em grupos menores, por diversas modalidades (casal, sexo, mães, pais, filhos etc). “Temos, por exemplo, o ‘Amor Exigentinho’, que é destinado às crianças que convivem com esse drama em casa. Além disso, temos também o trabalho de prevenção, que é o principal: ajudar os familiares a prevenir que o problema com as drogas aconteça”, completou.
No Brasil, o Amor Exigente atua na luta contra a dependência química há 27 anos. Atualmente, dez mil voluntários trabalham nos grupos espalhados por todo o País, promovendo até 120 mil atendimentos mensais.
