Não é de hoje que o patrimônio da antiga Rede Ferroviária, agora de propriedade da União, que ocupa grande espaço no centro e em bairros de Três Lagoas, vem sendo depredado. Sem nenhuma fiscalização, os imóveis são alvo de furtos e de depredação. Paredes são pichadas, vidros foram quebrados e até um incêndio teve de ser combatido por bombeiros, recentemente, além de grande quantidade de lixo e sinais do uso de drogas no local.
Na manhã de sábado (19), a Polícia Militar foi a um dos galpões, localizado na antiga Esplanada da NOB, e flagrou um homem que removia pisos de madeira do local. O suspeito disse que morava numa casa perto do galpão e que estaria retirando o piso a pedido de uma pessoa, que não quis revelar o nome.
“Aqui são constantes os saques. Há muito tempo a gente tenta tomar uma medida para acabar com essa situação, mas não é fácil. Infelizmente, muitas coisas foram levadas e depredadas do patrimônio ferroviário”, disse o historiador Rodrigo Fernandes.
Segundo ele, não é possível recolocar, nesse momento, os pisos no local. “Dá para preservá-los até que uma restauração do prédio possa ser feita, para posterior recolocação”, informou.
O promotor de Justiça do Patrimônio Histórico, Antônio Carlos Garcia de Oliveira, lamentou a destruição do patrimônio cultural e histórico da ferrovia. “A União poderia ter fechado isso tudo aí há anos e preservado um pouco da nossa história ferroviária. Fora daí tem dois guindastes de 1907 e estão simplesmente apodrecendo há décadas, sem qualquer cuidado de ninguém. Nas oficinas do Santa Luzia, conseguimos guardar a marcenaria toda que – acredito esteja depositada no DOS [Departamento de Obras e Serviços Públicos]. Havia tornos, peças e muitos outros objetos que lá estavam abandonadas”, disse.
Ainda segundo o promotor, algumas peças foram reformadas. “Na ocasião da reforma das oficinas estivemos lá dentro dos barracões e vimos muitas coisas abandonadas também. Um vagão de madeira que lá estava há mais de 10 anos parado, conseguimos reformar através de um acordo com a ALL. Hoje está no Arenamix há alguns anos. Outro vagão foi repassado pelo SENAI e está lá também devidamente preservado. Fizemos a nossa parte, mas muita gente não fez nada, lamentavelmente. Eu que sou de Bauru, nascedouro da ferrovia NOB, neto de ferroviários, fico indignado com tudo isso”, acrescentou Oliveira.