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Saúde

Doença renal crônica está entre as 10 mais mortais do mundo, alerta estudo

Em Três Lagoas, mais de 8,3 mil pessoas sofrem com algum grau de comprometimento renal

Em 2025, o Hospital Nossa Senhora Auxiliadora já contabilizou cinco transplantes renais, um número que reflete avanços, mas também a necessidade de mais conscientização sobre o diagnóstico precoce e os cuidados com a saúde dos rins. Foto: Reprodução/TVC HD.
Em 2025, o Hospital Nossa Senhora Auxiliadora já contabilizou cinco transplantes renais, um número que reflete avanços, mas também a necessidade de mais conscientização sobre o diagnóstico precoce e os cuidados com a saúde dos rins. Foto: Reprodução/TVC HD.

Silenciosa e muitas vezes desconhecida pela própria vítima, a doença renal crônica (DRC) está entre as dez doenças mais mortais do mundo, segundo um estudo realizado pela Universidade de Nova Iorque. A pesquisa coloca a enfermidade na nona posição do ranking global, com quase 1,5 milhão de mortes registradas em 2023, e aponta que 14% da população mundial pode ter algum grau da doença.

O nefrologista Renato Pontelli, do setor de hemodiálise do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, explica que a DRC é caracterizada pela perda progressiva da função dos rins, órgãos responsáveis por filtrar o sangue e eliminar toxinas do corpo.

“Os rins filtram nosso sangue e eliminam produtos do metabolismo. Quando eles perdem essa capacidade, o corpo começa a acumular substâncias tóxicas. Isso acontece de forma lenta, e a maioria das pessoas nem sabe que tem a doença”, explicou Pontelli.

Segundo o médico, há diferentes graus de insuficiência renal, que vão de 1 (mais leve) a 5 (casos em que o paciente precisa realizar hemodiálise). A maior parte dos portadores sequer apresenta sintomas nas fases iniciais.

As principais causas da doença são hipertensão arterial, diabetes, obesidade, sedentarismo, tabagismo e uso excessivo de medicamentos, especialmente anti-inflamatórios.

“O abuso de anti-inflamatórios e o descontrole do diabetes são os grandes vilões. Quando o rim é sobrecarregado, a função cai e o risco de complicações aumenta”, alertou o especialista.

Em Três Lagoas, mais de 8,3 mil pessoas sofrem com algum grau de comprometimento renal.

Pontelli também destacou o papel das novas terapias medicamentosas, como os análogos de GLP-1 — entre eles Ozempic e Mounjaro —, que auxiliam no controle da glicose e ajudam a evitar a progressão da DRC.

“Essas drogas são importantes porque, além de controlarem o diabetes, reduzem o risco de o paciente precisar de hemodiálise. Estudos recentes, como o Flow, comprovaram essa eficácia”, ressaltou.

No Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, mais de 100 pessoas realizam hemodiálise regularmente, sendo 84 de Três Lagoas e o restante de cidades vizinhas, como Brasilândia, Água Clara, Selvíria e Arapuá. Cada paciente passa por sessões de quatro horas, geralmente três vezes por semana.

A paciente Maria Emília, que realiza o tratamento há 12 anos, contou que descobriu a doença de forma repentina.

“Eu descobri da pior forma. Passei muito mal e cheguei ao hospital em estado grave. Quando o médico falou em hemodiálise, tive medo, mas foi um recomeço pra mim. Se não fosse o tratamento, eu não estaria aqui hoje”, relatou emocionada.

Segundo ela, o preconceito e o medo em torno da hemodiálise ainda são grandes, mas o procedimento representa qualidade de vida e esperança.

“Muita gente acha que hemodiálise é o fim, mas pra mim foi o contrário. Foi o que me salvou”, afirmou.

A doença renal crônica pode causar cansaço, fraqueza, inchaços, alterações na urina, coceira e dificuldade de concentração. Apesar dos sintomas, a prevenção continua sendo a melhor forma de evitar complicações.

“Com hábitos simples — alimentação saudável, controle da pressão e glicose, prática de atividade física e redução do consumo de álcool — é possível prevenir a maioria dos casos”, reforçou o médico.

Em 2025, o Hospital Nossa Senhora Auxiliadora já contabilizou cinco transplantes renais, um número que reflete avanços, mas também a necessidade de mais conscientização sobre o diagnóstico precoce e os cuidados com a saúde dos rins.