
A falta de manutenção e o descuido com fios de internet pendurados em postes continuam colocando a população de Três Lagoas em risco. Dois acidentes chamaram a atenção para o problema, que já deixou uma idosa com sequelas permanentes e um jovem ferido gravemente.
Dona Célia, que trabalhava como cuidadora de idosos, não anda há 396 dias. O motivo é um acidente causado por um fio de internet pendurado, ocorrido no dia 6 de outubro de 2024.
Ela voltava do trabalho de bicicleta quando foi surpreendida por um cabo atravessando uma esquina. O fio se enroscou no guidão e a derrubou com força no asfalto. O impacto resultou em quatro fraturas no fêmur, deixando-a impossibilitada de andar desde então.
“Eu vinha voltando pra casa e não vi o fio. Quando percebi, ele já tinha laçado o guidão. Depois só lembro de estar no chão, com a perna dobrada e muito sangue”, contou.
“Meus filhos nunca me viram deitada numa cama. Sempre fui ativa, trabalhava, cuidava de outras pessoas. Hoje eu preciso de ajuda pra fazer o básico”, lamentou dona Célia.
Outro caso grave aconteceu no dia 31 de outubro de 2025, quando o jovem João Victor de Araújo, de 18 anos, trafegava de moto pela avenida Rosário Congro e ficou preso pelo pescoço em um fio de internet.
João precisou ser internado no Hospital Auxiliadora, onde ficou por cerca de três dias. A família preferiu não se manifestar sobre o ocorrido.
Mesmo uma semana após o acidente, os fios que causaram o ferimento continuavam no mesmo local, sem qualquer providência das empresas responsáveis.
A Neoenergia Elektro, concessionária responsável pelos postes, informou que desde maio deste ano realiza ações de inspeção e regularização dos cabos irregulares.
Segundo a representante institucional Pamela Roca, o levantamento identificou mais de 40% de irregularidades entre os 67 mil pontos fiscalizados no perímetro urbano.
“Iniciamos a remoção e o reordenamento dos cabos em maio, mas fomos paralisados por alguns empresários locais e até pela polícia, porque o processo poderia interromper o fornecimento de internet em alguns locais”, explicou.
A empresa afirmou que retomou as ações em outubro e que já atuou em mais de 160 pontos, retirando cabos desativados e reorganizando a fiação.
Enquanto o problema não é totalmente resolvido, moradores de vários bairros continuam denunciando o risco causado pelos fios soltos, que ficam pendurados sobre calçadas e vias públicas.
A situação reforça a necessidade de uma ação conjunta entre empresas e autoridades municipais para evitar novas tragédias.