Na última sexta-feira (13), o Instituto de Conservação de Animais Silvestres (Icas) realizou em Três Lagoas a feira cultural Cores do Cerrado, evento que celebrou a biodiversidade por meio da arte, da educação ambiental e da produção de mel.
O destaque foi a convivência entre apicultores e o tatu-canastra, espécie ameaçada de extinção e considerada um “engenheiro do ecossistema”. A bióloga Gabriela Longo explicou que, inicialmente, havia um conflito entre os apicultores e o animal, que destruía colmeias para se alimentar das larvas das abelhas.
“Descobrimos que quase 75% dos apiários dessa região sofriam ataques do tatu. Nosso papel foi buscar uma forma de coexistência pacífica, promovendo a preservação da espécie e reduzindo prejuízos econômicos aos produtores”, afirmou.
O apicultor Eduardo Moreno reforçou a importância do trabalho de conscientização realizado pelo ICAS.
“Muitos apicultores não tinham essa consciência ambiental. Hoje, entendemos a relevância do tatu-canastra para o ecossistema e buscamos adequar nossos apiários para minimizar os impactos”, disse.
Além de estandes de mel e atividades de educação ambiental, o evento contou com a inauguração de um mural artístico pintado pelo artista Fernando Berg, que retrata o tatu-canastra, o tamanduá albino e abelhas.
“A arte, assim como a conservação, abre novos espaços de reflexão e ajuda a proteger a fauna e flora brasileiras”, destacou o muralista.
Para o fiscal ambiental da Semeia, Flávio Fardin, o tatu tem papel fundamental na manutenção do equilíbrio do Cerrado.
“Ele cava diversas tocas ao longo da vida, que depois são utilizadas por mais de 70 outras espécies, incluindo onças e jaguatiricas. Por isso, é chamado de engenheiro do ambiente”, explicou.
O Cores do Cerrado surgiu em celebração ao Dia do Tatu, comemorado em 13 de agosto, e terá murais também em Brasilândia e Ribas do Rio Pardo, reforçando a integração entre comunidade, apicultores e conservação da fauna.