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Moradores da esplanada da NOB esperam há anos pela escritura

Até hoje, nenhum morador possui a escritura de sua propriedade.

A maioria das casas na esplanada da NOB foi construída há mais de 40 anos, abrigando gerações que nasceram, cresceram e continuaram a viver nesses imóveis que pertenciam à antiga rede ferroviária. Foto: Reprodução/TVC HD.
A maioria das casas na esplanada da NOB foi construída há mais de 40 anos, abrigando gerações que nasceram, cresceram e continuaram a viver nesses imóveis que pertenciam à antiga rede ferroviária. Foto: Reprodução/TVC HD.

Décadas de espera podem estar chegando ao fim para os moradores da antiga Noroeste do Brasil (NOB) em Três Lagoas. Com a recente assinatura de um acordo entre o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul e órgãos federais, a regularização fundiária das áreas da União, onde muitas dessas famílias residem, se torna uma esperança concreta.

A maioria das casas na esplanada da NOB foi construída há mais de 40 anos, abrigando gerações que nasceram, cresceram e continuaram a viver nesses imóveis que pertenciam à antiga rede ferroviária. No entanto, até hoje, nenhum morador possui a escritura de sua propriedade.

Dona Zilma Monteiro, filha de um ex-ferroviário, mora em uma casa de madeira há mais de 25 anos. Ela sonha em reformar e construir um muro em sua residência, mas a falta do documento sempre impediu.

“Tenho vontade de mexer, mas sem tirar o padrão dela, que ela é madeira pura, ela por fora é madeira, por dentro ela é material e é forrada. Aí com o documento aí vai dar para reformar”, expressa Monteiro, esperançosa de que poderá, finalmente, adequar seu lar.

Carlos Monteiro, também filho de ex-ferroviário, compartilha da mesma expectativa.

“É o sonho de todo mundo ter a sua própria casa, com o seu nome, com o seu padrão, né? Para a gente poder fazer o que a gente quiser nela. Sem a gente ter um padrão, não tem como”, afirma.

Ele destaca a segurança que a posse da escritura traria, permitindo que os moradores invistam e melhorem suas casas sem receios.

Jovelino do Santo Sena, que mora há 50 anos em uma casa da antiga NOB, em frente ao túnel, também vive a realidade de pagar aluguel do imóvel, antes para a antiga rede ferroviária e hoje sem a manutenção que deveria ser destinada para as casas.

“A gente paga o aluguel normal, que seria… Esse aluguel, na verdade, não era nem um aluguel. Era uma verba destinada para fazer a manutenção das casas. E de quando a rede deixou de existir, também deixou de existir a manutenção. Qualquer manutenção de 95 para cá, é tudo por conta da gente”, relata Sena.

A expectativa é que Três Lagoas seja uma das primeiras cidades do país a implementar o novo modelo de regularização fundiária em áreas da União. Para os moradores da antiga NOB, esse é um passo crucial para obter as respostas que aguardam há décadas, transformando um antigo anseio em uma realidade de dignidade e segurança jurídica.