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Editorial

Sobretaxa e ameaça de Trump ao Brasil

Comprovadamente estamos diante de um gritante desequilíbrio da balança comercial entre os dois países

O anúncio de Trump veio recheado de ameaças autoritárias e inaceitáveis para o país.
O anúncio de Trump veio recheado de ameaças autoritárias e inaceitáveis para o país.

A ação absurda do presidente norte americano em taxar em 50% produtos brasileiros exportados para os E.U.A, causou espanto e repulsa. Utilizando-se de carta publica na sua rede social, cujo modo e teor nunca se viu partir de um chefe de Estado, Trump ameaça céus e terras como se fosse dono do mundo, além de querer interferir na soberania brasileira. Acusa de injusta situações criadas por quem tem simpatia, as quais não se sustentam.

Verificados os índices econômicos da balança comercial, constata-se as falsidades de suas afirmações. No caso do Brasil importamos mais do que exportamos. Comprovadamente estamos diante de um gritante desequilíbrio da balança comercial entre os dois países, que se arrasta a 15 anos.

A imposição de tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros a partir de agosto próximo, evidencia mais uma vez prepotência e a maneira como tem tratado as nações do mundo civilizado. Ameaçador, Trump se acha acima de tudo e de todos, além de desrespeitoso com nações que ao longo da história contemporânea sempre foram aliadas no comércio, na defesa da democracia e dos direitos humanos.

Os Estados Unidos compraram menos do Brasil em 2024. Importamos 44 bilhões em produtos americanos, enquanto exportamos 42 bilhões, segundo dados estatísticos americanos. Neste primeiro semestre de 2025 Mato Grosso do Sul exportou U$315,4 milhões aos Estados Unidos, indicador que posiciona os EUA como o segundo maior comprador de vendas externas de produtos do nosso Estado, figurando entre eles a celulose, ficando apenas atrás da China. Sua decisão arbitrária pode causar reflexos ao agronegócio sul mato-grossense, infelizmente.

A instabilidade econômica que Trump semeia no setor produtivo do país e de Mato Grosso do Sul, que além da celulose, exporta carne, soja e minério de manganês, entre outros produtos, causa neste momento incertezas no desempenho da nossa economia. Caso persista essa taxação, certamente, procurarão outros países para incrementar as vendas da produção, fato que irreversivelmente acontecerá para que não aconteça mais surpresas.

O anúncio de Trump veio recheado de ameaças autoritárias e inaceitáveis para o país, cujas instituições estão reguladas por uma legislação cujo ordenamento jurídico submete qualquer cidadão ou organização empresarial aos seus ditames. Trata-se de uma falácia, utilizar argumentos falsos para não reconhecer a ordem jurídica institucional estabelecida no país. A lei vale para todos. Mas, pior é ter que ouvir invencionices de que no país há caça às bruxas ao acusar o Supremo Tribunal Federal de imparcialidade.

A ameaça de aplicação de lei americana e condenação, inaplicável e sem consequências na vida civil brasileira ao ministro Alexandre de Moraes é intimidatória à Corte brasileira. A carta enviada ao presidente da República através de redes sociais não tem precedente nas relações formais entre países. Devolvida ao representante de negócios americanos sediado em Brasília, evidencia uma conduta sórdida, além de soar como ameaça, caso seja aplicada lei vigente que vigora em nosso país.

Alegar que há caça às bruxas, e tentar tornar impune o ex-presidente da República Jair Bolsonaro e os envolvidos em episódios que subverteram institucional do país, por conta de fatos apontadas pelo seu ex-ajudante de ordens é atentar contra a soberania nacional. Plantaram tantas mentiras em Washigton, que acabaram por prejudicar a vida econômica do setor produtivo nacional, inclusive, os negócios de grandes indústrias instaladas em Três Lagoas e no Estado de Mato Grosso do Sul.

Mas, como diz o adágio popular, “que não há mal que sempre dure…”, certamente, como em outras situações, espera-se que o presidente americano, cheio de rompantes, tenha o mínimo de bom senso que se recomenda a alguém que está investido na condução de um país como o seu, e reveja suas posições, além de aceitar o restabelecimento do diálogo civilizado para pôr fim à esse estado de coisas.