
A retomada de Três Lagoas ao cenário do futebol profissional deu mais um passo na semana passada com a visita do presidente Estevão Petrallas, da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS), ao município. O presidente esteve reunido com o prefeito Cassiano Maia (PP), vereadores e representantes do esporte local para tratar da participação da cidade no Campeonato Sul-Mato-Grossense Série B de 2026.
Durante o encontro, na Câmara Municipal de Três Lagoas, que também contou com dirigentes esportivos e apoiadores do futebol amador e profissional, foi discutida a necessidade de reorganizar a estrutura esportiva municipal para garantir o retorno da cidade às competições oficiais após anos de ausência.
No final da reunião, uma comissão foi criada para analisar documentação, capacidade administrativa, condições financeiras, estrutura física e regularidade de cada clube, a fim de definir qual terá condições reais de disputar a Série B com responsabilidade e planejamento. “Na reunião, o prefeito nos deu abertura e, pela primeira vez na história – eu que já disputei vários estaduais por Três Lagoas – vejo que o prefeito quer ouvir os dirigentes, a população e os empresários para saber qual é o melhor time para representar a nossa cidade”, explicou o vereador Ademir Silva dos Santos, o Mi do Santa Luzia (PSB), que faz parte da comissão.
Apesar da movimentação atual, o encontro também expôs um cenário que se arrasta há anos: a falta de responsabilidade administrativa, a descontinuidade de projetos e a deterioração do futebol profissional no município. Três Lagoas, que já teve presença relevante no futebol estadual, viu sua participação minguar em meio a gestões frágeis e clubes sem planejamento de longo prazo. “Não podemos esconder que um clube de Mato Grosso do Sul, sem ajuda do poder público, não tem condições de se manter.
O prefeito abraçou a causa e está lutando por isso. Nós queremos investir em uma base, precisamos sim de um clube profissional, mas de um projeto a longo prazo, não algo de apenas três meses, como vinha acontecendo”, pontuou o vereador Mi do Santa Luzia. Misto Esporte Clube, Comercial Esporte Clube e Três Lagoas Esporte Clube são os três times que disputam o retorno ao cenário profissional.
O movimento reacende expectativas, mas também traz um alerta: sem gestão sólida, responsabilidade administrativa e investimento contínuo, o município corre o risco de repetir os erros do passado. Um dos exemplos mais citados nos bastidores é o Misto, clube tradicional da cidade, que acumula grande história, mas também carrega o peso de anos de desorganização.
A equipe, que já foi referência local, nacional e até estadual, chegou a decretar falência e tornou-se símbolo da falta de estrutura que marcou o futebol três-lagoense na última década. Dirigentes, torcedores e apoiadores reconhecem que a ausência de gestão profissional contribuiu diretamente para o enfraquecimento do esporte na cidade. O vereador Pedro Machado Gonçalves Junior, o professor Pedrinho (PSB), outro membro da comissão, disse que o futebol de Três Lagoas pode viver uma nova realidade. “Esse conselho serve para estruturar e definir como vai ser o projeto. Claro que os recursos devem passar pela Casa de Leis, isso é inevitável, por isso é muito importante essa comissão”, destacou, referindo-se ao projeto de lei que o Executivo deverá encaminhar para votação do Legislativo, autorizando repasse financeiro para o time que representará a cidade no campeonato.
RETORNO
O retorno ao estadual é visto como oportunidade de reconstrução e também como um teste para avaliar se o futebol local está disposto a virar a página e iniciar uma nova fase com mais profissionalismo. “Eu, como um dos maiores defensores da classe, acredito que é fundamental inserir esses meninos no calendário estadual, porque as categorias de base são o início. É como a gente diz: o trabalho começa de baixo para cima, do menor para o maior. Então, a base será de extrema importância para que o time profissional, além de retornar às competições, tenha o sucesso esperado”, enfatizou o vereador Pedrinho, referindo-se ao projeto futuro que é o investimento na categoria de base, conforme solicitado pela comissão para apoiar a participação do time no estadual do ano que vem.
O relatório final deve ser concluído nas próximas semanas, permitindo que a equipe escolhida tenha tempo hábil para estruturação e montagem do elenco.