Cerca de 190 moradores da região da Lagoa Maior foram notificados pelo Ministério Público Estadual (MPE) por contribuir para a poluição do principal cartão postal de Três Lagoas. O caso de lançamento de esgoto na lagoa maior é antigo – a lista faz parte de um levantamento realizado pela Sanesul, atendendo a um pedido da Promotoria de Meio Ambiente e Urbanismo – e está longe de ser solucionado.
Segundo o promotor Antonio Carlos Garcia de Oliveira, os moradores não lançam o esgoto diretamente na lagoa, mas contribuem para que aconteça a poluição quando ligam, clandestinamente, redes de canalização de águas pluviais, de piscinas e ralos na rede de esgoto da Sanesul. “O problema vem à tona nesta época, período de chuvas, as redes não aguentam a grande volume de água e transbordam, levando esgoto para a Lagoa Maior”.
O estudo foi concluído pela Sanesul em janeiro de 2008. São oito páginas com nomes, endereços e problemas encontrados. Entre eles, cerca de 80 ligações de ralos de casas na rede de esgoto; 75 problemas com caixas de inspeção (infiltrações, ausência ou danificações nas tampas, etc); 15 ligações para o escoamento das águas de chuvas e piscinas. Para o promotor, embora o número seja expressivo, é só uma amostra do que poderá ser encontrado. “Este é o resultado apenas de um bairro. Em torno da lagoa existem diversos outros. Por isto o atraso. Pedimos a ampliação deste estudo inicial, para que atinja toda a região”, destacou.
A Sanesul confirma a suspeita. Segundo Hikaru Sonehara, que responde interinamente pela gerência da empresa de saneamento, a má utilização da rede de esgoto é um problema que atinge não só a Lagoa Maior, mas como boa parte de Três Lagoas.
Levantamentos semelhantes foram realizados nos bairros Vila Piloto I e Santa Luzia. O resultado foi praticamente o mesmo da região da Lagoa Maior: mais de 300 irregularidades, sendo 190 delas apenas na Vila Piloto I. “O problema, que se acentua no período de chuvas, é grave e gera problemas a todos. Para a Sanesul, que é obrigada a tratar águas sem necessidade; à população, que, com os transbordamentos, sofre com o mau cheiro, e o meio ambiente”.
Hkaru cita exemplos: em menos de uma hora de chuvas, são 30 mil litros de água lançados na rede de esgoto apenas em parte da circular da lagoa. “Nossas bombas não conseguem bombear este volume, que transborda”.
O procedimento de investigação sobre a Lagoa Maior tem, no mínimo, quatro anos. A preocupação é com o futuro do cartão postal da Cidade, que, se não preservado, corre o risco de desaparecer.
No ano passado, a poluição da Lagoa Maior gerou uma multa de R$ 90 mil para a Prefeitura. A autuação do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) foi baseada em uma analise que comprovou que, por conta do lançamento de esgoto, a água da lagoa era imprópria para consumo.