A passagem utilizada por pedestres e veículos, onde aconteceu o acidente envolvendo um trem da América Latina Logística (ALL) e um caminhão Mercedes Benz, no sábado (24), é ilegal e não existe oficialmente para a ALL. Até mesmo a sinalização no local, conhecida como “Cruz de Santo André” é irregular – além de estar em mau estado de conservação.
Rodrigo Miranda, gerente operacional da empresa na região, apontou a Prefeitura como responsável pela abertura da passagem – localizada na rua Márcia Mendes, Jardim Brasília. “Quem colocou a Cruz de Santo André lá foi o pessoal da prefeitura”, afirmou Rodrigo. “Para a ALL, essa passagem de nível não existe. Não existe nem contratrilho ali.”, garantiu o gerente, que ainda disse ter procurado ontem o dia inteiro pelos responsáveis da área de transporte do município, mas não conseguiu falar com ninguém.
Em nota à imprensa a direção da ALL garantiu que zela pela segurança de pedestres e veículos por meio de campanhas de conscientização. “Nossa função, por contrato, é de realizar campanhas de esclarecimento e de segurança preventiva com a população, de modo evitar acidentes”, esclareceu. “Nós vamos nos reunir com as autoridades municipais para resolver esse problema”.
Extra-oficialmente, Três Lagoas está repleta de passagens ilegais sobre os trilhos da empresa. Segundo dados da ALL, aconteceram três abalroamentos este ano com veículos, sem vítimas fatais. “Esse número representa um alto índice para a empresa”, completou.
JUSTIÇA
O Ministério Público de Três Lagoas já enviou para a Justiça Federal uma ação contra a ALL, na qual determina que a empresa coloque segurança nas principais passagens de nível do trem na Cidade. “A empresa precisa dispor dessa segurança para dar mais tranqüilidade ao cidadão”, afirmou Antonio Carlos Garcia de Oliveira, Promotor do Meio Ambiente, Urbanização e Patrimônio Histórico. Na mesma ação, o promotor requer o fim do “buzinasso” que os maquinistas fazem ao passar pela área urbana. “Não há necessidade desse excesso de buzina, principalmente na madrugada. A empresa precisa adequar às suas normas de segurança, a leis de silencio do município”, disse.
O gerente operacional da ALL na região se defende alegando que a empresa segue rigorosas normas de segurança. “Toda vez que vai atravessar uma passagem de nível, o maquinista é obrigado começar a buzinar a 200 metros da PN, com duas buzinas longas e uma curta e uma longa até a locomotiva ultrapassar o entroncamento”, completou. De qualquer forma é uma reclamação geral na Cidade contra o barulho, que somente será resolvido com o corredor ferroviário.