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Três Lagoas

Persona: ‘Dólar já é a moeda da economia de Três Lagoas', diz Antonio

Empresário Antonio Alves de Souza possui currículo de 35 anos de atividade no ramo imobiliário de Três Lagoas

Exportações vão alterar economia local, prevê Toninho da Daterra - Danielle Leduc
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O avanço da indústria de celulose em Três Lagoas, como segmento responsável por mais de 90% da receita da cidade com exportações, vai causar mais alterações na cidade do que a maior procura por imóveis, vendas no comércio ou aumento da população. Vai mudar o jeito das pessoas negociarem bens de valor de médio para cima. “Nossa moeda será definitivamente o dólar, como é em todos os países da América do Sul”, diz o empresário Antonio Alves de Souza, com currículo de 35 anos de atividade no ramo imobiliário de Três Lagoas.

e o sr. acha que o dólar vai regular os negócios?
Antonio Alves de Souza – Hoje, tudo o que se faz em negócios – de todos os tamanhos – em países da América do Sul são usadas duas moedas. A local e o dólar, porque as economias são reguladas assim. Aqui em Três Lagoas caminhamos para isso, porque a cidade recebe forte influência das indústrias de celulose, que negociam apenas em dólar.

JP – Mas isto afetaria todos os negócios?
Souza – Inicialmente não. Apenas os que possuírem valor mais elevado, como de imóveis de porte médio para cima. Um apartamento, por exemplo, quando for apreçado, será baseado em dólar. 

JP – E isso será bom para a economia local?
Souza – Ainda não é possível dizer se sim ou se não. Mas, uma coisa é certa: a economia se fortalece com o maior movimento financeiro, na cidade, como consequência do mercado atendido pelas grandes empresas exportadoras. 

JP – Em seu ramo, o de imobiliárias (Souza é dono da Imobiliária Daterra), como pode haver alteração, além da fixação de preço de imóveis?
Souza – Em poucos anos, quando um investidor executar um projeto, é certo que vai regular os preços pelo dólar, porque tudo já estará sendo regulado assim.

JP – Então, isso vai ocorrer apenas em cidades com características industriais de Três Lagoas?
Souza – Sim. A cidade é um diferencial exatamente por ter estas características.

JP – E como está o mercado imobiliário neste momento. Há uma “bolha imobiliária”, como ocorreu nos Estados Unidos?
Souza – Eu acho este termo “bolha” muito pesado para nossa realidade. Nos Estados Unidos ocorreu porque houve um avanço da inadimplência e a devolução de imóveis financiados. No Brasil isto não ocorre. Temos, sim, um estoque elevado de imóveis, mas o setor não enfrenta a inadimplência. 

JP – O que falta, hoje, para que o mercado se aqueça? 
Souza – O que trava o mercado imobiliário atualmente é o rigor adotado pela rede bancária para a liberação de financiamentos. Há exigências muito fortes sobre quem precisa de financiamento, e isto dificulta ao comprador ter acesso a imóveis prontos. Daí a existência de estoque.

JP – E é isto que segura a inadimplência?
Souza – Os bancos estão se protegendo contra falta de pagamento.