A Polícia Civil de Três Lagoas conta com uma nova tecnologia que está colaborando com a legitimidade das provas de crimes hediondos (graves) como tráfico de drogas, estupro, homicídio e latrocínio. Desde o início deste mês, os depoimentos dos suspeitos desses crimes são filmados. As filmagens são passadas para DVDs e anexadas aos processos.
Encaminhamos uma cópia junto ao processo para o Fórum e arquivamos uma na unidade policial também”, explicou o delegado titular da 1ª Delegacia de Polícia Civil, Paulo Henrique Rosseto.
Desde que a novidade foi implantada, cerca de 20 depoimentos já foram gravados. A maioria dos ouvidos é suspeita de roubo ou de tráfico de drogas. Segundo Rosseto, o projeto foi desenvolvido por meio de parceria entre a Polícia Civil, Ministério Público (MP) e Conselho de Cidadania. As câmeras, computadores e DVDs foram doados pelo Conselho de Cidadania. “Estamos em fase de testes e já podemos observar resultados positivos. A ideia é de que, futuramente, todos os depoimentos, independentemente do delito, sejam gravados”, destacou. Três Lagoas é a primeira cidade do Estado a implantar o sistema.
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Rosseto explicou que os suspeitos costumam confessar os crimes em depoimento nas unidades policiais, mas quando chegam ao julgamento acabam apresentando outras versões e, às vezes, até alegam que tenham praticado tal delito. “É comum acontecer de eles dizerem que assinaram o documento, no qual constam as informações do depoimento, sem lerem, que foram coagidos pela polícia ou que não disseram nada do que está escrito”, disse.
Às vezes, a ousadia dos criminosos tem resultados positivos para eles. De acordo com Rosseto, eles podem conseguir uma pena reduzida por não confirmarem o que disseram na delegacia e até mesmo a absolvição em juízo. “Suspeitos de roubo alegam que cometeram furtos e usuários de drogas dizem que compraram a substância de algum traficante na delegacia. Ao chegarem à frente do juiz, negam tudo”, salientou o delegado.
Com as conversas todas gravadas, vai ficar difícil negar em juízo o que foi dito nas delegacias de Polícia Civil do município. Um detalhe importante destacado pelo delegado é que os suspeitos não terão escolha. “Eles serão filmados independentemente de sua vontade. Seguimos a mesma linha adota nos julgamentos onde as câmeras também são utilizadas”, disse.
